AHF faz balanço de cinco anos de luta contra o VIH em Portugal

Cinco anos depois da chegada a Portugal, a AIDS Healthcare Foundation Europe (AHF), numa parceria com o Grupo de Ativistas em Tratamento (GAT), distribuiu mais de 2,5 milhões de preservativos e mais de cem mil materiais em território nacional e deu a conhecer a cerca de 47 mil pessoas o seu estado serológico, através de um modelo inovador de testes, num investimento total superior a 1,3 milhões de euros. O investimento é para continuar até porque “as necessidades mantêm-se”.

Num encontro que reuniu, em Lisboa, no início desta semana, membros do parlamento, académicos, profissionais de saúde, membros da AHF, do GAT e doentes portadores de VIH, ficou clara a intenção de prolongar o investimento no nosso país que, até agora, tem estado centrado na prevenção, através da distribuição de preservativos, e do diagnóstico da infeção, por via de testes rápidos e inovadores.

 “Estamos orgulhosos dos resultados da parceria com o GAT em Portugal e muito agradecidos por estes cinco anos de trabalho conjunto”, afirmou Zoya Shabarova, diretora da AHF Europe. “O nosso objetivo é trabalhar em conjunto para desenvolver modelos sustentáveis, de testes de VIH rápidos e fáceis, com a melhor relação custo-benefício, que o Governo possa apoiar. Precisamos de ter a certeza de que o problema do controlo da epidemia do VIH é levado a sério pelo Governo e que a sociedade civil não fica sozinha a resolver todos os problemas.”

Zoya Shabarova garante que o trabalho vai continuar em Portugal, até porque mantêm-se as necessidades. “Vamos continuar a dar o nosso apoio, mas gostaríamos de ver um envolvimento do Governo em níveis diferentes. Estamos disponíveis, interessados e aguardamos com interesse a possibilidade de trabalharmos todos juntos.”

Para Luís Mendão, presidente do GAT, “juntarmo-nos à AHF permitiu que andássemos para a frente e que déssemos resposta à epidemia de VIH, sobretudo numa altura em que não havia dinheiro.” De 1.407 testes realizados em 2013, altura em que havia apenas um centro a realizá-los, o GAT contabiliza, em 2017, a realização de mais de 17 mil, em 30 centros que realizam testes rápidos, gratuitos e anónimos. No que diz respeito à distribuição de preservativos, os números confirmam também aqui o impacto desta parceria com a AHF: em 2014, 45% da distribuição foi feita pelo GAT/AHF. Hoje, um quarto dos preservativos distribuídos no país é proveniente desta fonte.

Um trabalho que a AHF promete continuar. “Vamos manter a parceria com o GAT, mas esperamos ter relações de trabalho com outros atores”, refere Anna Zakowicz, diretora adjunta e diretora de programas da AHF Europe. “Vamos continuar a reforçar a distribuição de preservativos e, para isso, criámos, em 2017, um Banco de Preservativos, com 50 milhões, e podemos distribuir até cinco milhões por país, por ano. O modelo de testes rápidos vai também continuar a ser implementado. Aliás, há cinco anos, quando começámos, os testes rápidos não estavam tão disponíveis. Contribuímos para a sua divulgação e para os tornar mais acessíveis, sobretudo para as pessoas que não têm acesso aos cuidados de saúde ou não os procuram.”

Face às atuais necessidades do país e aos futuros desafios no combate à epidemia do VIH, Anna Zakowicz adianta que a par da continuação da aposta na prevenção e no diagnóstico mais precoce da doença, é igualmente importante investir na educação. “Tal como referiu o Prof. Francisco Antunes, a discriminação ainda é um problema em Portugal e só com educação podemos superá-la”. Na perspetiva da diretora de programas da AHF Europe “não faz sentido haver discriminação em relação a uma doença que é conhecida há 30 anos”. A educação passa, em primeira instância pelos próprios profissionais de saúde, mas também pela população.

Veja alguns momentos do encontro:

 

Por Cátia Jorge

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