Departamento de Circulação e Cirurgia Cardiotorácica do Hospital da Cruz Vermelha (HCV) realizou intervenção pioneira em Portugal

O departamento de Circulação e Cirurgia Cardiotorácica do Hospital da Cruz Vermelha (HCV) realizou, no passado dia 3 de outubro, uma intervenção cardíaca pioneira em Portugal. O procedimento foi realizado pela equipa do Heart Center, nomeadamente pelos médicos Vasco Gama Ribeiro, Luís Baquero, Armindo Mesquita, Eduardo Correia e Carlos Cotrim.

A intervenção foi realizada num doente de 82 anos de idade que já tinha realizado, há 24 anos, uma plastia da válvula mitral e há 14 uma substituição valvular mitral por prótese biológica. Chegou “às mãos desta equipa” com uma disfunção da prótese biológica com insuficiência grave e estenose da válvula aórtica grave. A intervenção foi realizada, sem a abertura do tórax, com a implementação de “duas válvulas percutâneas através de uma incisão femoral, no mesmo momento operatório: uma válvula mitral (“valve in valve”), através de abordagem transeptal, e uma válvula aórtica transcateter (TAVI)”, explicou Vasco Gama Ribeiro, cardiologista e interveniente na cirurgia. Segundo Luís Baquero, coordenador do Departamento de Circulação e Cirurgia Cardiotorácica do HCV e um dos especialistas responsáveis por esta cirurgia, este procedimento é inovador porque, “até agora, a abordagem era realizada através de uma pequena toracotomia, o que neste doente não era aconselhável, pelo que foi utilizada uma abordagem percutânea”.

Este tipo de intervenções por via percutânea na válvula aórtica, sob as quais há uma grande quantidade de informação científica, “começaram por ser feitas em doentes de altíssimo risco, considerados inoperáveis” e acabaram por se revelar “eficazes em relação à terapêutica médica com uma redução de mortalidade de mais de 50%”, assegurou o cardiologista. A par das evidências, foram feitos vários testes científicos e “ficou demonstrado que é um tratamento seguro e eficaz que salva vidas”. Ainda assim, a cirurgia da válvula aórtica – de coração aberto ou minimamente aberto – continua a ser o gold standard – “somente em casos específicos, discutidos em grupos de trabalho – heart team: cardiologistas, cirurgiões cardíacos, imagiologistas e anestesias – é que se opta por outro tipo de intervenção. São decisões feitas caso a caso, com o respaldo de uma equipa multidisciplinar e com o consentimento do doente e da família”.

Luís Baquero reforçou que “é fundamental percebermos o risco que o doente corre com a realização de uma cirurgia convencional” e “quando o risco é alto, optamos por uma intervenção menos invasiva para o doente, que lhe confira maior segurança, e é exatamente aí que surgem as alternativas, nomeadamente, por via percutânea”, concluiu.

Ambos os especialistas garantiram que “é muito gratificante, para nós que estamos a tratar os doentes, ver os resultados positivos, o sorriso de satisfação do doente e da família e simultaneamente a qualidade de vida que damos ao doente pós-intervenção”.

Heart Center: inauguração no próximo ano

O Hospital da Cruz Vermelha (HCV), cujos lucros revertem a 100% para uma causa humanitária, está a preparar a abertura de uma unidade inovadora na área cardiovascular – Heart Center – apoiada pela Siemens, e capacitada com tecnologia de última geração para prevenção, intervenção e acompanhamento de doentes. A inauguração está marcada para abril de 2019.

A necessidade da criação desta unidade advém, segundo Teresa Magalhães, Presidente da Comissão Executiva do HCV, “do historial que o HCV tem em termos de doença cardíaca e no que dispomos para oferecer aos doentes nesta área”. “O HCV é um centro de referência em cardiopatias congénitas reconhecido pela Direção-Geral de Saúde”, relembra.

Cerca de 165 mil doentes cardíacos, em Portugal, não são diagnosticados, nem tratados, pelo que, a aposta do HCV é “ter uma abordagem holística e centrada no doente, quer na prevenção, quer no acompanhamento ao longo da sua vida”, explicou. A abordagem holística passa por não abranger apenas a área cardíaca, mas também as áreas adjacentes como um todo. Esta abordagem vai permitir que “consigamos rastrear mais cedo, monitorizar o doente ao longo da vida e intervir de uma forma precoce no seu tratamento o que se refletirá nos resultados – menos mortalidade, menos complicações, menos internamentos” e é nesse sentido que “vamos fazer a diferenciação”.

Vasco Gama Ribeiro, que está também envolvido na equipa do Heart Center, referiu que o mesmo está equipado com “tecnologias inovadoras, do melhor que existe atualmente no mercado” e a ideia futura passa por “aproveitando as novas tecnologias, ligarmos o doente através de dispositivos transportáveis ao hospital e ao médico. Nós conseguiremos monitorizar o doente a qualquer instante e o mesmo está constantemente motivado porque está em segurança. É um benefício mútuo”. O Heart Center terá ainda associada uma linha telefónica que pretende facilitar o acesso de quem queira aceder ao mesmo, bem como de quem já é tratado e acompanhado no HCV. Esta linha funcionará 24 horas por dia, tendo uma equipa constituída para o atendimento e um médico permanentemente disponível. Luís Baquero explicou que este centro “terá uma capacidade extraordinária para admissão de doentes de qualquer faixa etária, desde crianças até aos seniores”.

“A par da imagem do hospital que está em renovação, para que o doente tenha uma boa experiencia quando utiliza os nossos serviços, a organização está também em transformação organizacional, de processos de trabalho, mas também cultural de forma a centrar os cuidados  no doente e nas suas necessidades, dentro e fora do hospital. É crucial que isso aconteça” rematou a Presidente da Comissão Executiva do HCV.

Por Rita Rodrigues

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