Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide: doenças cutâneas autoimunes e a patologia reumática

O Raio-X assinala o Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide, com um artigo de opinião que faz a ponte entre as doenças cutâneas autoimunes e a patologia reumática. Pedro Mendes Bastos, médico especialista em Dermatologia e Venereologia, afirma que “doenças imunomediadas como a Dermatomiosite e a Esclerodermia (Esclerose Sistémica) podem apresentar-se inicialmente com manifestações cutâneas”.

A Medicina tem-se tornado cada vez mais complexa. A evolução da tecnologia diagnóstica e das possibilidades terapêuticas tem trazido uma exigência cada vez maior. Nós, médicos, temos a obrigação de diagnosticar mais, melhor e rapidamente. A necessidade de maior especialização em cada área médica é uma mais valia mas fez-se acompanhar da necessidade de criar equipas multifacetadas, com especialistas de diferentes áreas, para poder responder aos desafios das doenças multiorgânicas.

Há várias doenças reumáticas que resultam de anomalias do sistema imunitário e são consideradas sistémicas, isto é, têm a capacidade de envolver o sistema músculo-esquelético mas também outros órgãos. Quando falamos deste grupo de patologias, as chamadas doenças imuno-mediadas, um dos órgãos mais frequentemente afetado é a pele. Assim, torna-se claro que descodificar as manifestações na pele de uma doença sistémica pode fazer encurtar o tempo até ao correto diagnóstico e, consequentemente, fornecer o tratamento adequado de forma mais precoce.

No caso da Artrite Reumatóide, as manifestações cutâneas mais frequentes são os nódulos reumatóides e a vasculite cutânea. O Lúpus Eritematoso é uma doença extremamente heterogénea e enquanto uma grande percentagem de doentes têm envolvimento exclusivamente cutâneo, os doentes com a forma sistémica habitualmente sofrem de lesões cutâneas que podem ser desfigurantes e necessitam de tratamento específico. Doenças imunomediadas como a Dermatomiosite e a Esclerodermia (Esclerose Sistémica) podem apresentar-se inicialmente com manifestações cutâneas; por outro lado, alguns medicamentos comummente utilizados para controlar estas doenças a nível músculo-esquelético ou pulmonar muitas vezes não são eficazes na pele. Outras entidades como S. Sjögren, Vasculites ou Doença de Behçet também se fazem acompanhar de várias manifestações na pele que constituem importante fonte de morbilidade – ou seja, podem ser extremamente sintomáticas e perturbar a qualidade de vida dos doentes de forma impactante.

Para além da ajuda preciosa que um dermatologista pode constituir para esclarecer o diagnóstico de uma doença reumática, o seu papel não se esgota aí. No decorrer do tratamento, quer com medicamentos imunomoduladores clássicos ou com biotecnológicos, as reações adversas a nível da pele ocorrem também com relativa frequência. Assim sendo, consultar um especialista em Dermatologia facilita o diagnóstico e leva a uma decisão partilhada com vista ao bem-estar do doente e, se possível, à persistência em tratamento. Manifestações da doença reumática de base, infeções, dermatoses reativas e fenómenos paradoxais são algumas das possibilidades quando um doente reumático sob tratamento imunomodulador surge com lesões na pele. Envolver um dermatologista na equipa, particularmente um especialista que tenha prática em terapêutica imunomoduladora clássica e biotecnológica, assume uma grande utilidade.

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