Hábitos tabágicos e a doença respiratória

Opinião de Joana Amado, Pneumologista na ULS Matosinhos

O consumo de tabaco continua a ser um dos mais graves problemas mundiais de saúde pública e constitui a principal causa evitável de doença e morte prematura nos países desenvolvidos.

Em Portugal, existem cerca de 1,78 milhões de pessoas fumadoras com 15 ou mais anos de idade. O tabagismo representa o principal fator de risco modificável para mortalidade antes dos 70 anos, em ambos os sexos. Morrem todos os anos mais de 12 000 pessoas por doenças provocadas ou agravadas pelo consumo de tabaco, das quais mais de 400 por doenças associadas à exposição ao fumo ambiental.

Dois dos principais obstáculos à prevenção e controlo do tabagismo continuam a ser a aceitação social do consumo de tabaco e a baixa perceção do risco e das consequências nocivas para a saúde que advêm maioritariamente 30 a 40 anos após o início do consumo.

O tabaco é causa ou fator de agravamento das doenças crónicas não transmissíveis mais prevalentes no mundo, em particular do cancro, das doenças respiratórias, das doenças cardiovasculares e da diabetes, para além de outros efeitos nocivos a nível da saúde sexual e reprodutiva, da saúde ocular, da saúde oral e do envelhecimento da pele.

As vias respiratórias são preferencialmente afetadas, visto serem a porta de entrada e de saída do fumo de tabaco. Uma parte das substâncias inaladas fica retida a este nível, a restante alcança a circulação sanguínea e causa malefícios vastos e abrangentes.

Dois dos principais obstáculos à prevenção e controlo do tabagismo continuam a ser a aceitação social do consumo de tabaco e a baixa perceção do risco e das consequências nocivas para a saúde que advêm maioritariamente 30 a 40 anos após o início do consumo.

A inalação do fumo de cigarro expõe as vias respiratórias a elevadas concentrações de agentes oxidantes e radicais livres, altamente agressivos para o sistema respiratório e quadruplica o risco de desenvolvimento de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), sendo, de longe, o fator de risco mais importante desta doença.

Os fumadores com DPOC apresentam obstrução irreversível ao fluxo de ar durante a respiração e, nas fases mais avançadas da doença, também diminuição do nível de oxigénio no sangue. A grande maioria vem a padecer de dificuldade respiratória, tosse e aumento da produção de expectoração, com agravamento progressivo e limitação crescente na sua atividade diária.

A DPOC é causa importante de doença prolongada e incapacitante e representa a quarta causa de morte a nível mundial, sendo que cerca de 90% de todas as mortes por DPOC são atribuíveis ao tabagismo. Estima-se que venha a ascender ao terceiro lugar em 2020, fruto do envelhecimento da população e da exposição continuada aos seus factores de risco, principalmente o tabagismo. A mortalidade por esta doença é 12 vezes maior no fumador e o risco relaciona-se diretamente com o número de cigarros consumidos.

A cessação tabágica é a intervenção que reconhecidamente melhor previne a instalação e o agravamento da doença e que mais melhora a sobrevida, independentemente da sua gravidade.

O consumo de tabaco diminui a imunidade, aumenta, consequentemente, o risco de contrair infeções respiratórias – nomeadamente constipação, gripe, pneumonia e tuberculose – e favorece a sua gravidade. Mais do que alertar para os malefícios de fumar, tão bem expressos nas advertências de saúde impressas nas embalagens de produtos do tabaco, vale a pena sensibilizar os fumadores para os benefícios em parar de fumar.

Estes fazem sentir-se a partir dos primeiros 20 minutos sem fumar, ocorrem em todos os fumadores, mesmo naqueles que deixam de fumar em idades mais avançadas, mas também em quem convive com eles. É certa e indiscutível a recuperação de qualidade de vida, o ganho em esperança de vida, a melhoria da auto-estima e o retorno financeiro.

A cessação tabágica é a intervenção que reconhecidamente melhor previne a instalação e o agravamento da doença e que mais melhora a sobrevida, independentemente da sua gravidade.

A nível respiratório, após duas semanas a três meses sem fumar, constata-se melhoria da capacidade respiratória e aumento da vitalidade e energia. Após um a nove meses diminui a tosse, a expectoração e a falta de ar e melhora a função pulmonar, medida por espirometria. Em dez anos diminui para metade o risco de cancro do pulmão e de morte por DPOC.

Não existe um limiar inócuo de consumo nem de exposição ao fumo de tabaco. Todo e qualquer contacto com o tabaco podem ser nocivos, em todas as idades. A única forma segura de fumar é… não fumar! Deixar de fumar é a melhor decisão que um fumador pode tomar para melhorar a sua saúde e a saúde dos que o rodeiam.

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