Inovação em Cancro da Mama: terapêutica endócrina e imunoterapia em destaque

No âmbito das Conferências CUF 2017, especialistas em cancro da mama discutiram, desafios e novas abordagens para o futuro do tratamento da patologia. A Dr.ª Ida Negreiros (Instituto CUF de Oncologia), cirurgiã responsável pela Unidade da Mama de Lisboa realça as “novidades no domínio das terapias sistémicas”.

Numa “sessão muito interessante e proveitosa”, a Dr.ª Noémia Afonso (oncologista do Instituto CUF de Oncologia) começou por conduzir os presentes “numa reflexão sobre o espaço que ainda existe para a quimioterapia em neoadjuvância, num contexto em que surgem novas abordagens no domínio das terapêuticas sistémicas, quer com a utilização de terapêutica endócrina, quer com o advento da imunoterapia”, descreve a Dr.ª Ida Negreiros.

A terapêutica endócrina assume-se como uma opção em doentes com expressão de recetores hormonais de estrogénio e/ou progesterona, enquanto e a terapêutica imunológica dirigida pode ser usada em casos de sobreexpressão do HER2. E, “sabe-se que estas novas terapêuticas acrescentam mais-valia ao tratamento, no tipo de tumores em que são possíveis”. Mas percebemos que “o papel da quimioterapia continua a ser importante pelo menos em alguns tipos de tumores, e não estamos a ponto de a abandonar”, referiu a moderadora da sessão. “Está ainda por esclarecer se, no final, as alternativas são melhores do que a quimioterapia”, reiterou.

A completar o painel, “o Dr. João Paulo Fernandes (Instituto CUF de Oncologia) apresentou um estudo de coorte sobre a importância da supressão ovárica em contexto de hormonoterapia adjuvante”. “A verdade é que temos doentes cada vez mais novas com cancro da mama, nas quais parece haver um papel relevante para a supressão ovárica”, comentou a Dr.ª Ida Negreiros.

“As conclusões partilhadas pelo especialista demonstram, de facto, um benefício desta abordagem, em termos de resultado, para mulheres pré-menopáusicas”, realçou a cirurgiã, questionando, no entanto, se estas doentes mais jovens levam o tratamento até ao fim, pois, lembrou, “são o grupo etário para quem é mais difícil cumprir com este tipo de tratamentos”.

Sobre os desafios que o futuro reserva no tratamento ao cancro da mama, Ida Negreiros sublinha, por um lado, a necessidade de se perceber, com o tempo, “qual o lugar das novas opções terapêuticas que vão surgindo”; por outro lado, falou em desafios relacionados com “duas franjas diferentes da população: as doentes mais novas e as doentes mais idosas”.

Num extremo temos as “doentes jovens, com características muito próprias. Por exemplo, as que não tiveram ainda filhos e já têm cancro, e para as quais os tratamentos vão atrasar ainda mais esse objetivo”. No outro, uma crescente quantidade de doentes idosas, “que chegam a idades avançadas muito bem. E se há uns anos não eram candidatas, pela fragilidade, a fazer quimioterapia e tratamentos inovadores, hoje estão perfeitamente capazes do ponto de vista físico”. Neste contexto, não só a comunidade médica, mas também “a sociedade, enfrentam o desafio de continuar a apostar em tratamentos para as pessoas com mais idade”, concluiu.

 

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João Paulo Fernandes, Sofia Braga, Ida Negreiros

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