Mais de 150 especialistas reúnem para “Atualizações em Cancro do Pulmão”

Pneumologistas, oncologistas, radioterapeutas, imagiologistas, cirurgiões torácicos, entre outros especialistas, acorreram ao Auditório do Hospital CUF Porto, no passado dia 26 de maio, para as “Primeiras Atualizações Cancro do Pulmão CUF”.

 

Na sessão de abertura da reunião, iniciativa conjunta do Instituto CUF Oncologia (I.C.O.) e da Academia CUF, Ana Luísa Cardoso, administradora do hospital anfitrião, reforçou que a inovação em oncologia faz parte do projeto clínico da instituição. Já Dirk Arnold, diretor do I.C.O., realçou as mais-valias do debate multidisciplinar que se estabelece neste tipo de iniciativas.

Em representação da organização do evento, Bárbara Parente dirigiu algumas palavras aos médicos mais jovens: “não desistam do doente com cancro do pulmão, porque ainda há muito a fazer!”. Em entrevista ao Raio-X, a coordenadora do Centro Oncológico CUF Porto falou dos temas em destaque nesta reunião.

 

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Raio-X (RX) – Em que contexto surge a necessidade de criar uma reunião de Atualização em Cancro do Pulmão?

Bárbara Parente (BP) – Sendo uma patologia muito frequente e grave, e que nesta altura já é tratada em muitas Unidades CUF, a ideia nasceu da necessidade de nos encontrarmos para partilharmos experiências, discutirmos estratégias e trabalharmos na uniformidade do trabalho.

A tudo isto foi possível juntar os nossos colegas dos outros hospitais públicos, verdadeiras referências nesta área, e, por isso, esta tornou-se uma oportunidade única de, em conjunto, abordarmos uma problemática que nos preocupa e que queremos tratar cada vez melhor.

 

RX – Quais os temas em destaque nestas “Primeiras Atualizações Cancro do Pulmão CUF”?

BP – Começámos pelos pontos mais quentes no diagnóstico e no estadiamento, depois tivemos mesas-redondas e conferências sobre imunoterapia, dando as últimas indicações disponíveis. Os colegas do IPATIMUP que trabalham em biologia molecular falaram sobre os últimos marcadores disponíveis para melhor podermos selecionar o tratamento dos nossos doentes.

Seguiu-se uma outra mesa sobre terapêuticas que têm operado uma mudança no cancro do pulmão (ALK, ROS1, BRAF) e, no final da tarde, falou-se de novidades em cirurgia e radioterapia (Gamma Knife, CyberKnife).

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RX – Qual é, atualmente, o posicionamento dos Hospitais CUF relativamente à abordagem de doentes com cancro do pulmão?

BP – Os Hospitais CUF encontram-se já muito bem posicionados, quer para o diagnóstico, quer para o tratamento e total acompanhamento do doente com cancro do pulmão. Os nossos hospitais estão completamente equipados do ponto de vista técnico e humano: Desde a imagiologia à intervenção com as técnicas de diagnóstico, anatomia patológica e estadiamento (nomeadamente o EBUS), aos grupos de decisão multidisciplinar e direcionamento para os hospitais de dia com todas as terapêuticas médicas disponíveis, passando por um corpo de cirurgiões torácicos e serviços de radioncologia excelentes, contando, inclusivamente, com a técnica da Gamma Knife e CyberKnife.

Para além disso, podemos fazer um acompanhamento até ao final da vida, na Unidade de Cuidados Paliativos, que nos dá esse suporte.

 

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RX – Quais os grandes desafios atuais no diagnóstico e tratamento desta doença?

BP – No nosso entender, atualmente, tratar o cancro do pulmão é uma arte, associada a um senso médico muito grande, tendo em conta os sólidos conhecimentos necessários para tratar uma área que nos surpreende quase todos os dias com novos dados e informações científicas, mercê dos resultados de múltiplos ensaios clínicos.

É também fundamental não esquecer o doente, e que cada caso é um caso. Os nossos conhecimentos têm diariamente de ser ajustados ao nosso doente.

 

RX – Qual o contributo das novas terapêuticas (nomeadamente terapias dirigidas e imunoterapia) para o aumento da sobrevivência e qualidade de vida dos doentes?

BP – Sem dúvida as terapêuticas dirigidas abriram um novo mundo, particularmente para os doentes com cancro do pulmão doença avançada, já que para a doença precoce continuamos a ter a cirurgia como a grande arma terapêutica.

A imunoterapia, mais recentemente, constitui uma grande esperança no futuro próximo, procurando os marcadores que melhor nos ajudem. Se efetivamente aos cinco anos ainda não conseguimos mudar muito o paradigma da sobrevida na doença avançada, mudamos sim, sem dúvida, nos primeiros anos após o diagnóstico e mudamos, indiscutivelmente, a qualidade de vida dos nossos doentes quando efetuam terapêuticas menos agressivas, mais eficazes e com mais comodidade.

 

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RX – De que forma esta evolução veio exigir, por parte dos profissionais que abordam estes doentes, uma necessidade de atualização?

BP – O tratamento do cancro do pulmão está em mudança. Exige, da parte de todos os profissionais envolvidos, uma atualização constante e só o deve tratar quem souber.

O médico nunca deve tomar uma atitude de forma isolada, mas sim em grupo, procurando sempre a melhor solução para cada doente. Esta é a razão pela qual todos juntos debatemos o tema neste encontro.

 

RX – Estas são as “primeiras atualizações” em cancro do pulmão. No futuro, espera-se que aconteçam novas reuniões de atualização?

BP – Alguém tinha de dar o pontapé de saída, e esta organização decidiu começar. Mas, acreditamos que este é apenas o início de uma caminhada que se prevê longa. Estas são as primeiras atualizações, no Porto, para o ano teremos as segundas, em Lisboa, e assim sucessivamente. E estamos cientes de que poderemos, nas próximas iniciativas, estendê-las também à comunidade internacional.

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