APDP: 90 anos à frente no tratamento, na formação e na investigação da diabetes

A Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) assinalou, no passado dia 13 de maio, o seu 90.º aniversário com uma cerimónia na qual marcaram presença o Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, e o Presidente da República. Numa breve intervenção, antes da visita pelas instalações da Associação, Marcelo Rebelo de Sousa reforçou palavras de reconhecimento pelo trabalho que ao longo dos anos tem sido desenvolvido na APDP, tanto no contexto assistencial, como no âmbito da investigação e formação em diabetes. O Presidente da República manifestou assim “gratidão e solidariedade em relação a todos os que fizeram nascer e aos que continuam a construir o presente e o futuro da APDP”, condecorando a instituição como membro honorário da Ordem do Mérito.

O Raio-X aproveitou a ocasião onde estiveram reunidos alguns dos principais nomes nacionais da Diabetologia para recolher um conjunto de declarações sobre o contributo da APDP para a prevenção, diagnóstico e tratamento da diabetes em Portugal.

90 Anos APDP-494

Uma história de boas práticas e humanismo

Nas palavras de Luís Gardete Correia, desde 1926 que a APDP tem desenvolvido um trabalho enorme no âmbito da diabetes, “sempre com uma grande consciencialização do verdadeiro problema que a doença representa e uma grande capacidade de resposta para enfrentar os desafios epidemiológicos”. Por este motivo, o presidente da APDP considera que esta representa um “enorme património para o país e sobretudo para todos os doentes com diabetes”.

Para José Manuel Boavida, estes 90 anos representam uma capacidade permanente de encontrar novas respostas para o desafio da diabetes. Segundo o Diretor do Programa Nacional para a Diabetes (PNPD) “só a APDP conseguiu prever, nos anos 70, o que iria acontecer em Portugal em termos epidemiológicos e que é a realidade que todos nós reconhecemos agora. Temos dois milhões de pessoas em risco de virem a ter diabetes e um milhão de pessoas com diabetes. No fundo, esta foi uma previsão da APDP há 40 anos”.

A capacidade enorme que a Associação tem tido, nos últimos tempos, para propor intervenções na área da prevenção da doença, nomeadamente através do envolvimento dos Municípios nesta luta, foi uma das questões sublinhadas por José Manuel Boavida e que passou a integrar também o PNPD. No entanto, “há outras urgências e outras prioridades”, alertou. É o caso da Via Verde do pé diabético e da necessidade de aumentar o número de doentes com diabetes tipo 1, nomeadamente as crianças, a receberem tratamento com bombas infusoras de insulina.

Nas palavras de Luís Gardete Correia, desde 1926 que a APDP tem desenvolvido um trabalho enorme no âmbito da diabetes, “sempre com uma grande consciencialização do verdadeiro problema que a doença representa e uma grande capacidade de resposta para enfrentar os desafios epidemiológicos”

Segundo João Filipe Raposo, “nestes 90 anos, a APDP esteve sempre à frente no tratamento das pessoas com diabetes, à frente do conhecimento, das boas práticas, na formação e na investigação”. A APDP continua a ser, nas palavras do seu diretor clínico, “o melhor local onde as pessoas com diabetes podem recorrer, onde têm uma avaliação completa do seu estado de saúde, onde recebem educação adequada ao seu grau de literacia, onde são acompanhadas por uma equipa multidisciplinar treinada”.

“Sempre jovem, sempre trabalhadora, sempre dedicada e sempre atenta a uma situação cada vez mais preocupante que é a crescente prevalência de pessoas com diabetes”, descreveu José Luiz Medina. Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, “o trabalho notável que a APDP tem desenvolvido é a demonstração de que estão a ser seguidas as pegadas da dedicação do Dr. Ernesto Roma”.

Na qualidade de doente com diabetes e de ex-presidente da Federação Internacional da Diabetes, João Nabais atribui à APDP um “papel pioneiro” na forma de tratar e educar o doente como uma pessoa. Ou seja, “A APDP vê a pessoa para além do doente e também nesse âmbito humanitário, foi pioneira na angariação de fundos para a obtenção de insulina para doentes mais carenciados, numa altura em que os diabéticos que tinham menos posses morriam por não terem acesso ao tratamento”.

“Só a APDP conseguiu prever, nos anos 70, o que iria acontecer em Portugal em termos epidemiológicos e que é a realidade que todos nós reconhecemos agora. Temos dois milhões de pessoas em risco de virem a ter diabetes e um milhão de pessoas com diabetes”, José Manuel Boavida

Integração da APDP no SNS facilitaria acessibilidade aos doentes

Relativamente à petição pública para a integração da APDP no Sistema Nacional de Saúde, João Filipe Raposo afirmou que tal não seria mais do que o reconhecimento de algo que já vai acontecendo hoje em dia. Ou seja, “a APDP serve essencialmente os utentes do SNS”. É uma Instituição Particular de Solidariedade Social e há legislação nesta altura que contempla a oferta que a APDP tem instalada, no entanto, a formalização da integração da instituição no SNS iria melhorar as condições de acessibilidade e de equidade por parte dos doentes.

A mesma opinião foi partilhada por José Manuel Boavida que reconhece as dificuldades de acesso à APDP o que, de certa forma, deixa os doentes em pé de desigualdade. Por outro lado, o diretor do PNPD acredita que o processo de integração poderia ser um ponto de partida para a criação de “pequenas APDP pelo país fora”.
Para Luís Gardete Correia, tal medida iria também contribuir para a sustentabilidade da própria APDP o que, na prática, se traduziria “numa melhoria dos cuidados prestados”.

“Nestes 90 anos, a APDP esteve sempre à frente no tratamento das pessoas com diabetes, à frente do conhecimento, das boas práticas, na formação e na investigação”, João Filipe Raposo

Prémios

Durante a cerimónia foram atribuídos os habituais prémios às pessoas com 50 ou mais anos de diabetes, assim como o prestigiado prémio Ernesto Roma 2014/2015 que, este ano, foi atribuído “Impacto de um programa comunitário de exercício físico de longa duração nos principais fatores de risco cardiovascular modificáveis em indivíduos com diabetes tipo 2 – Estudo Diabetes em movimento®, da autoria de Romeu Mendes, da Unidade de Saúde Pública, ACES Douro I – Marão e Douro Norte.

Quanto ao Prémio Ernesto Roma – Cuidados de Saúde Primários 2015, a menção honrosa foi entregue a Pedro Alves, da USF St. André de Canidelo, com o trabalho “Evolução da população com Diabetes Mellitus em quatro anos de acompanhamento numa USF” pelo Dr. Vítor Virgínio, da Merck Sharp & Dohme.
A Categoria Poster foi atribuída a Andreia Lopes, do Centro Hospitalar do Medio Ave, sobre o tema “Qual é a noção que os nossos doentes diabéticos têm sobre Hipoglicemia?”

Durante a cerimónia, o Presidente da República condecorou a APDP como membro honorário da Ordem do Mérito. Para além de Marcelo Rebelo de Sousa, também o Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes marcou presença no evento.

Cátia Jorge

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