Dia Mundial da HTA: “A não adesão à terapêutica é o grande sinal do nosso falhanço”

Na data em que se assinala o Dia Mundial da Hipertensão Arterial, o Raio-X ouviu Jorge Polónia sobre o panorama nacional relativo a esta doença. O especialista do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e autor principal do estudo PHYSA sublinha os ganhos conseguidos na última década, mas reconhece que é preciso aumentar a taxa de doentes controlados. Para tal, apela a um maior envolvimento dos doentes, a um maior empenho dos médicos e à utilização dos medicamentos certos nos doentes mais indicados.

“Se compararmos a realidade atual com a realidade de há dez anos, verificamos que alcançámos melhorias muito significativas”, afirma Jorge Polónia, referindo-se ao aumento do número de doentes hipertensos que conseguiram alcançar um controlo da pressão arterial. Ainda assim, acrescenta, “há uma fatia de 60% dos doentes que ainda está acima dos alvos terapêuticos e que, por isso, mantem elevado o risco cardiovascular”.

Na perspetiva do especialista, a melhoria desta realidade deve ser assumida por “três protagonistas”: os doentes, os médicos e os medicamentos.

Relativamente aos doentes, “temos de aumentar a literacia em saúde da população. Os próprios doentes devem ter a preocupação de saber mais sobre a sua doença”, recomendou. “Só assim vão valorizar os tratamentos   que devem fazer e ter uma boa adesão à terapêutica (incluindo a adopção de hábitos de vida saudável) que lhes é prescrita”

Relativamente aos doentes, “temos de aumentar a literacia em saúde da população. Os próprios doentes devem ter a preocupação de saber mais sobre a sua doença”, recomendou. “Só assim vão valorizar os tratamentos   que devem fazer e ter uma boa adesão à terapêutica (incluindo a adopção de hábitos de vida saudável) que lhes é prescrita”. Segundo Jorge Polónia, a má adesão ao tratamento é um dos principais obstáculos ao controlo adequado de qualquer doença crónica e a HTA não é exceção. Neste contexto, “os processos educativos são essenciais para que os doentes percebam que há enormes vantagens em assumir hábitos saudáveis e em tomar a medicação na altura certa, e os medicamentos certos”.

Em relação aos médicos, o especialista considera que ainda há falhas que têm de ser corrigidas. “Todos nós falhamos porque partimos do principio que os doentes tomam o que lhes prescrevemos, mas isso não é verdade e, por esse motivo é necessário encontrarmos novas formas de monitorizar a adesão e de mostrar ao doente que aquilo lhe estamos a recomendar e prescrever é o que se provou ser a melhor atitude para combater a doença, pelo que é importante que se cumpram as terapêuticas tal como foram prescritas”.

Em relação aos médicos, o especialista considera que ainda há falhas que têm de ser corrigidas. “Todos nós falhamos porque partimos do principio que os doentes tomam o que lhes prescrevemos, mas isso não é verdade e, por esse motivo é necessário encontrarmos novas formas de monitorizar a adesão e de mostrar ao doente que aquilo lhe estamos a recomendar e prescrever é o que se provou ser a melhor atitude para combater a doença, pelo que é importante que se cumpram as terapêuticas tal como foram prescritas”

Quanto aos tratamentos, o terceiro protagonista desta missão de melhorar os resultados do controlo da pressão arterial, Jorge Polónia defende que dispomos, no mercado de “medicamentos muito bons mas que necessitam de ter os seus benefícios optimizados”. Na opinião do especialista, “novas moléculas serão sempre bem-vindas”, no entanto, “com o que temos podemos fazer muito mais do que estamos a fazer neste momento”. É apenas uma questão de seguir as guidelines, de utilizar as associações certas e as que oferecem maior probabilidade de bons resultados.

“Há uma base de evidência que favorece determinadas associações, pelo que, não há motivo para não utilizarmos essa evidência na nossa prática clínica”, sublinha. Por outro lado, “sendo a má adesão à terapêutica um problema comum de muitos doentes, então a solução poderá passar pelo recurso a associações fixas, o que permite diminuir o número de comprimidos diários”.

Estas medidas devem, segundo Jorge Polónia, ser aplicadas a doentes que já estão medicados mas que, por algum motivo, não conseguem controlar a pressão arterial, assim como para doentes recém-diagnosticados e que devem alcançar os alvos terapêuticos o mais rapidamente possível. “Penso que a não adesão à terapêutica é o grande sinal do nosso falhanço, e a adesão tem que ser a nossa motivação para os próximos tempos”. E nos “próximos tempos”, eventualmente, numa próxima edição do estudo PHYSA, Jorge Polónia gostava de ver em Portugal a mesma taxa de controlo da pressão arterial que já existe em países como o Canadá e os Estados Unidos da América, “na casa dos 70 a 80%”.

 

Estudo PHYSA

Prevalence, awareness, treatment and control of hypertension and salt intake in Portugal: changes over a decade., ou estudo PHYSA, foi um trabalho desenvolvido por Jorge Polónia, Luís Martins, Fernando Pinto e José Nazaré, com o intuito de determinar a prevalência e a taxa de controlo da hipertensão em Portugal, assim como a taxa de excreção de sódio nas 24 horas da população portuguesa. O estudo PHYSA teve ainda como objetivo fazer uma análise comparativa dos resultados obtidos em 2013, com a realidade demonstrada num estudo semelhante de 2003.

Os resultados revelaram que 42,2% da população portuguesa tem HTA e que, destes, apenas cerca de 40% tem a doença controlada.

Comparativamente com os dados de 2003, o estudo PHYSA demonstrou que a prevalência de HTA na população portuguesa permaneceu estável, contudo, aumentou a taxa de sensibilização em relação à doença, bem como a taxa de controlo da pressão arterial para o que poderá ter contribuído um maior recurso a associações de medicamentos.  Demonstrou ainda que o consumo de sal continua muito acima das recomendações da Organização Mundial da Saúde.

 

Por Cátia Jorge

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