O consumo de tabaco em Portugal e na Europa: o que está a mudar?

O que está a mudar em relação ao consumo de tabaco na Europa? Segundo Andreia Leite, nas últimas décadas as mulheres têm vindo a consumir mais tabaco. De acordo com Charlotta Pisinger a procura de formas alternativas de tabaco não é a solução para quem está a tentar deixar de fumar. As duas especialistas estiveram presentes numa sessão do 34.º Congresso de Pneumologia, moderada por Pedro Boléo-Tomé, realizado em novembro passado e traçaram o retrato atual das tendências tabágicas. Leia aqui o artigo completo.

Conhecer as caraterísticas dos fumadores e a sua evolução é essencial para planear e monitorizar as estratégias de prevenção do consumo. A epidemia do consumo de tabaco foi descrita nos anos 90 como dividida em quatro fases principais: inicialmente o consumo é reduzido nos indivíduos do sexo masculino e residual para as mulheres (Fase 1), de seguida, o consumo aumenta substancialmente nos homens, ainda com pouca expressão nas mulheres (Fase 2); segue-se um declínio no consumo entre os homens, e uma intensificação nas mulheres (Fase 3); por fim (Fase 4), o consumo de tabaco entre os homens estabiliza e atinge o valor mais elevado nas mulheres.

Mais recentemente, reconheceu-se variabilidade na evolução da epidemia em diferentes países, admitindo uma evolução paralela para homens e mulheres. É também reconhecido que na última fase da epidemia as desigualdades aumentam. A realização de inquéritos de base populacional repetidos ao longo do tempo, tem permitido monitorizar a epidemia do tabaco e medir o seu impacto na saúde. A nível dos países da União Europeia a 27 verifica-se que os países estão em diferentes fases da epidemia, com desigualdades em termos de sexo, idade e educação. À excepção da Suécia, os homens são mais frequentemente fumadores que as mulheres. A nível de distribuição etária verifica-se que globalmente o consumo aumenta nos grupos de 15-24 e 25-34 anos, permanecendo elevada no grupos dos 25-34 e 45-54, e diminuindo depois.  Em termos de educação, nos homens as proporções de fumadores mais baixas são observadas em homens que completaram educação terciária, excepto na Roménia. Já nas mulheres as proporções mais elevadas em 19 dos 27 países observam-se em mulheres com ensino secundário ou pós secundário.

Em Portugal, a informação do Inquérito Nacional de Saúde para o Continente de 1987 a  2014, permitiu a análise do consumo em termos de sexo, idade, região, estado civil, ocupação principal e grupo profissional. Estes dados indicam que nos homens a prevalência padronizada para a idade de fumadores diários tem diminuído (35,2% em 1987; 26,7% em 2014). Esta diminuição tem ocorrido em algumas regiões e entre os mais escolarizados mas não de forma transversal – desempregados, divorciados, residentes no Alentejo e trabalhadores não qualificados mantêm-se prevalências elevadas de consumo. Já nas mulheres verificou-se o aumento da prevalência padronizada para a idade de fumadoras (6,0% em 1987; 14,6% em 2014). Este aumento é transversal aos vários grupos socio-demográficos mas em geral, as divorciadas e residentes em Lisboa e Vale do Tejo apresentaram as prevalências mais elevadas (divorciadas – 17,1% em 1987 para 26,9% em 2014, residentes em Lisboa e Vale do Tejo – 9,2% em 1987 para 16,0% em 2005).  Globalmente o consumo de tabaco em Portugal apresenta diferentes tendências para homens e mulheres, com evolução oposta na prevalência. Entre os homens as desigualdades têm aumentado nomeadamente a nível da educação, enquanto nas mulheres as desigualdades se mantém, mas à custa de um aumento generalizado do consumo.

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