Oncologia: é preciso humanizar o tratamento

“The art of Caring” foi o tema da palestra protagonizada pelo Professor Doutor Nathan Cherny, oncologista do Shaare Zedek Medical Center, em Jerusalém, que abordou o tratamento atual das doenças oncológicas e vincou a necessidade urgente de se mudar o paradigma na abordagem destes doentes, passando duma visão “tecnocrata” para uma visão holística.

“Desde há uns anos a esta parte começámos a ter uma grande preocupação com a individualização do tratamento nos doentes oncológicos, com grande enfoque na terapêutica e uma intensa ligação aos aspetos biológicos da doença. Para mim isto é um erro. Para personalizarmos verdadeiramente o tratamento temos de considerar a pessoa como um todo e compreender toda a experiência que a doença envolve e onde vamos encontrar as suas ambições, os seus medos, os seus objetivos, as suas raízes, e até mesmo os seus recursos financeiros”, frisa o especialista, que adianta que feito este switch está aberto o caminho para se conseguir proporcionar um melhor tratamento, que o doente vai reconhecer e que inclusive será mais recompensador para ele e para a sua família.

“Os oncologistas têm de alterar a sua abordagem. A fixação nos parâmetros biológicos da doença pode estar a trazer resultados agora, mas uma nova abordagem de acordo com as expectativas do doente pode ajudar-nos a mais longo prazo a mudar o panorama da doença, sem esquecer a sua componente social e a prestação de cuidados de saúde diferenciados”, afirma o oncologista, que ainda assim alerta para os perigos que esta visão pode esconder.

“É uma abordagem que em alguns casos proporciona melhores resultados, mas também é verdade que noutros pode conduzir-nos na direção errada. Por isso, precisamos de uma boa dose de humildade para explicar o que a terapêutica personalizada pode e não pode fazer.”

 

A ESCALA DE MAGNITUDE DE BENEFÍCIO CLÍNICO

Talvez pensando nesta necessidade de avaliar o tratamento de forma fidedigna, o Professor Nathan Cherny ajudou ao desenvolvimento de uma ferramenta construída pela ESMO (European Society for Medical Oncology), a Escala de Magnitude de Benefício Clínico, e explica as suas potencialidades:

“Esta escala da ESMO é uma forma de introduzir algum grau de disciplina no modo como avaliamos os benefícios que determinado tratamento pode trazer”, explica o médico, acrescentando que em muitos estudos e ensaios se verificam bons resultados que quando olhados ao detalhe se constata que apenas conseguem alcançar um pequeno benefício para um grupo muito reduzido de doentes.

“Temos de evitar este cenário e trabalhar noutro sentido”, sublinha Nathan Cherny, que afirma que esta é uma ferramenta que permite avaliar essa equação e que possibilitará saber mais e comunicar melhor:

“Com este recurso será fácil justificar o porquê da eleição de uma terapêutica, e quando o beneficio for demasiado curto podemos facilmente explicar que se gastam milhares e milhares de euros para apenas haver aplicação num número reduzido de pacientes, apesar dos gastos elevados para os sistemas de saúde. É pois uma ferramenta que coloca justiça e objetividade nesta avaliação, de modo muito transparente.”

A terminar, o especialista salienta que se trata de uma ferramenta em constante evolução e que tem de encontrar bases de segurança para poder funcionar, estando neste momento já a ser usada em países como Israel e como a França, “com ótimos resultados ao nível da otimização terapêutica”.

 

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