Técnica spilt permite aumentar entre 5 a 10% o número de transplantes de fígado no CHUC
Pela segunda vez este ano, a equipa de transplantação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra realizou dois transplantes em que o fígado de um dador foi utilizado em dois recetores.
O recurso à técnica split, que consiste na divisão do órgão para responder a dois recetores, poderá representar um acréscimo de 5 a 10% no número de transplantes realizados nesta unidade ao longo de 2016.
Esta técnica, à semelhança do transplante hepático por redução e com dador vivo são procedimentos muito exigentes, tanto do ponto de vista técnico, como do ponto de vista da logística envolvida pois exigem equipas muito bem preparadas e em número significativamente maior do que o necessário para a transplantação com fígado inteiro, sendo necessária a execução em simultâneo de dois (por vezes três) atos cirúrgicos de alta complexidade e responsabilidade. Neste momento o CHUC é o único hospital que utiliza esta técnica cirúrgica em Portugal.
Segundo Emanuel Furtado, “todas estas variantes técnicas fazem parte da história da transplantação hepática nos HUC, agora parte do CHUC. Por falta de capacidade técnica e logística, algumas destas soluções mais complexas não se realizaram durante vários anos. Todas foram retomadas nos últimos meses, fruto da difícil mas conseguida recuperação da capacidade de resposta da equipa de transplantação hepática do CHUC”.
O coordenador da Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica e de Adultos do CHUC, explica que considera que “embora modesto, este foi mais um esforço, bem-sucedido, de cumprir o objetivo de maximizar o aproveitamento de enxertos e diminuir o número de doentes que, por carência de órgãos, não chegam a beneficiar desta modalidade terapêutica salvadora de vidas”.
José Martins Nunes, presidente do Conselho de Administração do CHUC, e autor da lei dos transplantes (Lei 12/93 de 22 de abril), na altura uma das mais avançadas do mundo, refere que este é mais um contributo do CHUC para o SNS e para a saúde dos portugueses.
Já a Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) congratula-se com mais este passo dado no sentido de aumentar o número de transplantes em Portugal e salienta a importância desta técnica para o desenvolvimento da transplantação hepática no nosso país.
O transplante hepático tem provado ser um método eficaz no tratamento de doenças terminais hepáticas. Atualmente o número de dadores é menor do que as reais necessidades da população. O resultado é um aumento de tempo na lista de espera e do número de pacientes que não chegam a ser transplantados porque já não cumprem os critérios para transplante ou por morte, após deterioração progressiva da doença enquanto aguardam o transplante.