I Congresso da Europacolon assinala 10 anos da Associação
No ano em que comemora o seu 10.º aniversário, a Europacolon promove o I Congresso de Oncologia Digestiva, nos próximos dias 8 e 9 de julho, na Fundação Dr. António Cupertino Miranda, no Porto. Aberto a todos os cidadãos e não só a profissionais de saúde, o evento tem com o fim “aumentar a literacia em saúde da população portuguesa”, segundo explica Vítor Neves.
Em declaração ao Raio-X, o presidente da associação de apoio aos doentes com cancro digestivo recorda que, em Portugal, surgem, por ano, 7200 novos casos de cancro digestivo e que a doença mata 11 pessoas por dia no nosso país.
Raio-X – Quantos participantes são esperados neste congresso?
Vítor Neves – Cerca de 200, as inscrições são obrigatórias e terão um valor meramente simbólico para a população em geral.
RX – Quais os temas de maior destaque?
VN – O congresso tem uma área cientifica tradicional onde vão ser apresentados os últimos desenvolvimentos na investigação de novas terapêuticas para o combate ao cancro. Em quase todos os painéis participa um investigador do Ipatimup.
Realçamos também o lançamento mundial do primeiro manual informativo aos cidadãos sobre cancro pancreático. O cancro pancreático é a neoplasia cuja taxa de mortalidade é a mais alta e da qual pouco se fala. Este documento tende a ser um guia com algumas atitudes preventivas.
Serão ainda debatidas as ligações hereditárias, os comportamentos, as áreas de risco e algumas informações que deverão ser levadas ao conhecimento da população e dos médicos dos cuidados de saúde primários, como forma de conduzir a um diagnóstico mais precoce e com maior probabilidade de cura.
Realçamos a homenagem ao Prof. Sobrinho Simões no final do dia 8, e teremos oportunidade de o ouvir numa palestra sobre o futuro da Medicina face aos novos desafios que o aumento das doenças oncológicas vão trazer.
Haverá também um painel sobre comunicação moderado pelo Júlio Magalhães, diretor-geral do Porto Canal, “media partner” do evento, e outro sobre o Futuro da Saúde em Portugal, com a presença de vários decisores do SNS.
No dia 9 teremos temas muito interessantes e de grande utilidade para a população em geral, sobretudo para quem convive com a doença tais como: a vantagem da Psicologia no tratamento de doentes oncológicos; a diferença na evolução terapêutica se for acompanhado por um plano nutricional personalizado; a hipnoterapia como elemento de diminuição de efeitos colaterais dos tratamento, com um testemunho de evidencia.
O Dr. João Semedo, ex-deputado da Assembleia da República falará sobre a necessidade do debate em torno da eutanásia no nosso país.
A Dr.ª Paula Silva, socióloga do Ipatimup, intervirá apresentando resultados de um estudo que evidencia a melhoria terapêutica quando os pacientes intervêm no processo terapêutico.
Fred Lessing apresentará um álbum composto de músicas da sua autoria dedicadas à sua esposa vitima de cancro colorretal e cujos benefícios reverterão para Europacolon.
Contamos com a presença do Sr. Ministro da Saúde (a confirmar) na cerimónia de abertura e o enceramento será efetuado pelo Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Prof. Fernando Araújo.
RX – O cancro do cólon é um dos mais incidentes no nosso país. Em termos epidemiológicos, como tem evoluído as suas incidência e prevalência?
VN – Tem aumento todos os anos. Em Portugal existem cerca de 7200 novos casos por ano, com uma mortalidade de onze pessoas por dia.
Rastreio de base populacional
RX – O tão esperado rastreio de base populacional vai, finalmente, passar a ser uma realidade. Prevê que em poucos anos haja um aumento significativo do número de casos que até agora não estavam identificados?
VN – Foi já assumido pelo Governo que em 2016 vai ser implementado o rastreio de base populacional do cancro do intestino. Este facto vai permitir que se encontrem eventuais doentes numa fase inicial o que levará a que os tratamentos sejam eficazes e também se encontrem pólipos possíveis de serem retirados, eliminando-se assim a sua evolução para neoplasias.
RX – Que mensagem gostaria de deixar à população relativamente à prevenção do cancro do cólon? O que é que os portugueses ainda não sabem sobre esta doença?
VN – Todas as pessoa com mais de 50 anos devem solicitar o rastreio do cancro do intestino ao seu médico assistente. Todas as pessoas que saibam que os seus pais tiveram a doença devem fazer rastreio antes dos 50 anos e todas as pessoas que tenham alguns sintomas, tais como aparecimento de sangue nas fezes, sensação de que o intestino não esvazia, dores abdominais, alteração dos hábitos intestinais, emagrecimento permanente e cansaço devem recorrer ao seu médico assistente para que possam efetuar diagnósticos que despistem a hipótese de terem cancro do intestino.