Crónica NeuroSer: Soluções para quem vive sozinho
Em algumas situações a pessoa com demência vive só, por opção própria ou porque os cuidadores ou familiares não têm possibilidade de os ter na sua casa.
A saída da sua própria casa é um momento de grande ansiedade para qualquer pessoa. Para a pessoa com demência essa ansiedade intensifica-se por a casa representar o espaço físico com o qual melhor se identifica, onde estão guardadas as suas memórias e vivências. Por vezes, esta situação leva a que o próprio não queira deixar a sua casa, mas essa decisão terá de ter em conta a segurança e integridade da pessoa versus os seus desejos.
É por isso importante os familiares terem em conta alguns aspectos que os poderão ajudar nestas situações:
– Encontre uma pessoa da sua confiança: que possa estar perto, ir vigiando a pessoa, ou até passar algumas horas do dia com esta, de modo a auxiliar nas tarefas de vida diária e garantir a toma correcta e segura da medicação;
– Esteja atento e acompanhe a pessoa: procure visitá-la ou telefonar-lhe com regularidade e ajude-a a tratar dos assuntos do dia-a-dia que envolvam processos mais complexos (ex: pagar as contas da casa, tratar de assuntos no banco). Poderá também alertar estas entidades para o problema, a fim de que possam ser compreensivos e auxiliarem surgir algum problema;
– Vigie a saúde da pessoa: tendo especial atenção à toma da medicação e a outros problemas relevantes da pessoa. É importante retirar todos os medicamentos desnecessários, a fim de evitar/diminuir a possibilidade de confusão;
– Promova o seu conforto e segurança: por vezes é necessário realizar algumas adaptações no domicílio, a fim de garantir a sua segurança e promover a manutenção da sua independência. Tenha sempre um par de chaves consigo, para uma situação de emergência;
– Conheça as suas rotinas diárias: é importante conhecer os locais ou rotinas que a pessoa faz diariamente, de modo a que se acontecer algo, seja mais fácil localizar a pessoa. Para além disso pode lembrar a pessoa do que deve, ou não fazer na sua ausência, deixando-lhe lembretes nos devidos locais por exemplo;
– Tenha especial atenção à manutenção da sua higiene: de forma a prevenir eventuais problemas de saúde e garantir a integridade da pessoa;
– Tenha em conta a alimentação e a hidratação: é fundamental realizar uma alimentação nutritiva e ingerir água para garantir a hidratação, poderá ser necessário comprar, cozinhar ou vigiar as refeições;
– Procure que a pessoa tenha consigo algo que a identifique: poderá ser útil a pessoa ter algo que a identifique, com o seu nome e contacto de emergência, para salvaguardá-la no caso de se perder ou desorientar. É também importante ter consigo uma fotografia actualizada da pessoa;
– Alerte os vizinhos e polícia local: para que estes possam estar alerta para eventuais problemas que surjam;
– Peça ajuda: existem entidades competentes e especializadas na área que poderão auxiliar na procura de um cuidador ou de outras soluções (ex: centro de dia).
Todas estas estratégias pretendem auxiliar nas situações em que a pessoa vive sozinha em casa. No entanto, é importante perceber previamente se a pessoa tem condições para o fazer, pois depende do seu estadio clínico, da sua funcionalidade e das condições habitacionais em que vive. É fundamental discutir estas decisões previamente com a equipa de profissionais que segue a pessoa, de modo a que estes possam auxiliar no que for necessário.
Revisão Clínica: Mariana Mateus
Crónica quinzenal da autoria NeuroSer.