Controlar o Potássio para vencer a Hipercaliemia
Poucas pessoas ouviram falar de Hipercaliemia, uma doença derivada da presença de níveis elevados de potássio no corpo. O potássio é um dos electrólitos essenciais à vida e é responsável por regular a actividade eléctrica através das células, um processo fundamental para que o coração contraia adequadamente.
Estamos perante Hipercaliemia quando os níveis de potássio estão acima de 3,5 mEq/L, e Hipocaliemia quando os níveis de potássio são inferiores a 3 mEq/L. Quando os níveis estão fora destes limites ambos têm consequências desastrosas que podem levar à morte.
O potássio é o catião mais abundante no corpo humano, mas muito pouco deste potássio está em circulação. A grande maioria, cerca de 98%, encontra-se armazenada dentro das células, sendo libertado na corrente sanguínea de acordo com as necessidades.
A manutenção de níveis adequados de potássio não é um problema em alguém saudável, uma vez que o organismo gere as variações na alimentação independente da dieta. Quando pensamos em alimentos ricos em potássio as bananas vêm imediatamente à cabeça, mas as alcachofras, o chocolate ou os abacates têm o dobro de potássio.
Qualquer que seja a origem do potássio na alimentação, são os rins que o removem quando está em excesso, cerca de 90%, sendo o remanescente removido através do cólon. Na insuficiência renal a homeostasia do potássio fica comprometida e, sem a principal via de excreção, os níveis de potássio sobem. O corpo humano tem um elegante processo compensatório para eliminar o excesso de potássio, que entra em funcionamento com o declínio da função renal. À medida que os níveis e potássio começam a subir, o cólon compensa através dos canais de potássio.
“Estamos perante Hipercaliemia quando os níveis de potássio estão acima de 3,5 mEq/L, e Hipocaliemia quando os níveis de potássio são inferiores a 3 mEq/L. Quando os níveis estão fora destes limites ambos têm consequências desastrosas que podem levar à morte”
Este mecanismo funciona durante um período de tempo, momento em que o doente permanece assintomático. Se a função renal não for restaurada, o cólon não conseguirá manter os desejáveis níveis de potássio.
A maioria dos indivíduos com hipercaliemia apresenta sintomas como a fraqueza e a fadiga. Ocasionalmente os doentes podem referir também paralisia muscular franca, dispneia, palpitações, dor torácica, náusea ou vómitos e parestesias.
O exame de um doente com hipercaliemia pode incluir sinais vitais normais, excepto ocasionalmente bradicardia devido a bloqueio cardíaco ou taquipneia devido a fraqueza muscular respiratória, fraqueza muscular e paralisia flácida, bem como reflexos tendinosos profundos reduzidos ou mesmo ausentes.
Quando a hipercaliemia é diagnosticada devem ser identificados os mecanismos fisiopatológicos subjacentes. Devido ao reduzido sinais e sintomas distintivos, a hipercaliemia pode ser de difícil diagnóstico, e na realidade na maioria doas vezes é um achado laboratorial.
Fundamental para a terapêutica é o Patiromer, um novo medicamento que explora o caminho descrito e permite manter de uma forma crónica os níveis normais de potássio. Foi desenhado especificamente para captar o potássio do colon, por troca com cálcio, e assim reduzir efectivamente a totalidade absoluta de potássio no organismo aumentando a eficácia deste mecanismo compensatório na homeostasia do potássio. Dado que o cálcio não é absorvido no colon, os níveis séricos de cálcio permanecem praticamente inalterados ao mesmo tempo que os níveis de potássio são mantidos dentro dos níveis normais, fazendo desta ferramenta química uma arma poderosa na luta contra esta doença.
António Jordão
Diretor-geral da OM Pharma Portugal & Head of Southern Europe Vifor Pharma