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A importância dos rastreios da doença alérgica

A importância dos rastreios da doença alérgica

Em Portugal, estima-se que a doença alérgica afete cerca de 1/3 da população: de acordo com os dados atuais 30% da nossa população tem queixas de rinite, 18% tem concomitantemente queixas de conjuntivite e cerca de 10% tem asma. A prevalência de sintomas de asma é mais elevada nas crianças (39%), sendo o sintoma mais frequente acordar com tosse. No entanto, apenas cerca de metade dos doentes com asma têm a sua doença controlada, salientando-se que os doentes com asma controlada têm melhor qualidade de vida e menor risco de complicações. Não é consensual a razão do acréscimo das doenças alérgicas nas últimas décadas, mas o ambiente interior e exterior associado ao estilo de vida são apontados como os prováveis responsáveis.

A Rinite alérgica é a doença alérgica mais comum, mas só 1/3 dos adultos fez testes de alergia e apenas 30% dos casos estão diagnosticados. Cerca de 40% dos doentes com rinite têm asma e mais de 80% dos asmáticos têm rinite. A Rinite alérgica pode associar-se a outras comorbilidades como é o caso da rinoconjuntivite, rinosinusite crónica, polipose nasal e otite serosa, contribuindo para perda da qualidade de vida dos doentes e com custos diretos e indiretos significativos. O conceito de via aérea única que liga rinite e asma permite o tratamento global dos doentes com melhoria da qualidade de vida e redução dos custos sociais e económicos.

“Em Portugal, estima-se que a doença alérgica afete cerca de 1/3 da população: de acordo com os dados atuais 30% da nossa população tem queixas de rinite, 18% tem concomitantemente queixas de conjuntivite e cerca de 10% tem asma. A prevalência de sintomas de asma é mais elevada nas crianças (39%), sendo o sintoma mais frequente acordar com tosse”

A rinite alérgica corresponde a uma inflamação crónica da mucosa nasal desencadeada pelo contacto com poeiras comuns no meio ambiente (aeroalergénios), em indivíduos a elas sensibilizados. Os sintomas mais característicos são a obstrução nasal, o “pingo”, os espirros e a “comichão” no nariz. A conjuntiva ocular pode igualmente exibir uma resposta inflamatória característica durante a exposição a alergénios e esta reação está na base da conjuntivite alérgica, que se associa frequentemente à rinite alérgica.

A asma é uma doença crónica potencialmente grave que se caracteriza por tosse, aperto no peito, dificuldade em respirar e pieira no peito. A asma é uma doença subdiagnosticada e subtratada, calcula-se que 9 em cada 10 doentes com asma não controlada tem perceção errada do estado de controlo da sua doença, o que pode dificultar a procura de melhor tratamento e controlo. Uma das consequências do mau controlo pode ser as agudizações graves de asma com necessidade de internamento. Sabe-se que um terço das crianças asmáticas portuguesas são internadas por asma pelo menos uma vez na vida.

A asma está controlada quando não há sintomas diurnos (ou sintomas mínimos), ausência de sintomas noturnos, sem limitação da atividade, sem necessidade de medicação de alívio (ou medicação mínima), sem crises ou exacerbações (ou raramente) e uma função pulmonar normal (ou próxima do normal). Uma história de crises graves, exposição a fumo de tabaco e má adesão à terapêutica, aumentam o risco futuro da doença.

O tratamento da asma compreende dois tipos de medicamentos: medicação de controlo (especialmente anti-inflamatórios – corticosteróides inalados) que deve ser tomada diariamente para prevenir o aparecimento dos sintomas, melhorar a função pulmonar e prevenir as crises; e a medicação de alívio (broncodilatadores de ação rápida) para tratamento das crises ou exacerbações com rápido alívio dos sintomas.

As principais dificuldades no controlo da asma são a inadequada adesão ao tratamento e a utilização incorreta dos dispositivos inalatórios. Por isso, a educação do doente asmático de modo a que tenha um papel ativo numa adequada gestão da sua doença é vital para o sucesso do controlo da asma e para a obtenção dos melhores resultados de saúde.

As vacinas anti-alérgicas, administradas por via sublingual ou subcutânea durante 3 a 5 anos, são o único tratamento que modifica a resposta do sistema imunológico fazendo com que o organismo reaja menos ou deixe de reagir aos elementos aos quais é alérgico, no entanto atualmente não são comparticipadas pelo Serviço Nacional de Saúde.

 

Elisa Pedro_SPAIC

 

Elisa Pedro

Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica