“Oftalmologia portuguesa atingiu altos níveis de competência científica, pedagógica e assistencial”
A deteção precoce dos defeitos refrativos nas crianças e o seu tratamento atempadamente; o controlo e tratamento da retinopatia diabética; o tratamento da degenerescência macular da idade são alguns das preocupações atuais da Oftalmologia apontadas por Maria João Quadrado. A poucos dias do arranque do 59.º Congresso Português de Oftalmologia, que vai reunir cerca de 1300 participantes, a presidente da direção da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia sublinha a necessidade de aproximar a especialidade da população e de melhorar a articulação com outras áreas como a Medicina Geral e Familiar, a Pediatria, a Endocrinologia e a Enfermagem.
Raio-X (RX) – Quais os principais objetivos e missões desta direção da SPO?
Maria João Quadrado (MJQ) – A SPO é uma sociedade fundamentalmente científica mas deve ser ouvida na tomada de decisões em relação às politicas de saúde da visão dos portugueses. A saúde visual só deve ser garantida pelos oftalmologistas, pelo que um dos principais objetivos desta direção é a aproximação da população em geral. É pertinente desenhar e instituir projetos de formação básica contínua em Oftalmologia, em estreita colaboração com outras Sociedades, nomeadamente com a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Sociedade Portuguesa de Pediatria, Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Ordem dos Enfermeiros entre outras. É objetivo desta Sociedade o incentivo e apoio à participação em Congressos de Investigação translacional e à Investigação em oftalmologia. A Oftalmologia portuguesa atingiu altos níveis de competência científica, pedagógica e assistencial de que nos devemos orgulhar.
RX – Do ponto de vista epidemiológico, quais são as principais preocupações da Oftalmologia atual?
MJQ – A deteção precoce dos defeitos refrativos nas crianças e o seu tratamento atempadamente; o controlo e tratamento da retinopatia diabética, uma das grandes consequências do aumento exponencial da diabetes a nível mundial e em Portugal; o tratamento da Degenerescência Macular da Idade que também tem aumento devido ao aumento da esperança de vida…. entre outros.
RX – No que respeita a novos desafios diagnósticos e terapêuticos, que novidades poderão representar um maior benefício para os doentes?
MJQ – Os novos tratamento na degenerescência macular da idade; os novos tratamentos no edema macular da diabetes; os novos tratamento da miopia, entre outros…Vão ser ainda debatidos os desafios atuais e direções futuras da investigação em Visão em Portugal e no Mundo como a investigação de translação no Massachusetts Eye and Ear – Harvard proferida pela Prof Dr. Joan Miller e da descoberta de um gene a uma terapia genética para uma retinopatia hereditária proferida pelo Prof Dr. Miguel Seabra.
RX – Relativamente a esta edição do congresso, quais os temas que destacaria do programa científico?
MJQ – Serão transmitidas as últimas descobertas e novidades na abordagem de várias patologias como a retinopatia diabética, tumores oculares, degenerescência macular da idade e na modulação do metabolismo retiniano no desenvolvimento de novas terapêuticas para as retinopatias isquémicas. Para além disso, um das grandes epidemias deste século, a miopia será tema de uma conferência principal. Os desafios atuais e direções futuras da investigação em visão a nível mundial estará em debate num simpósio com participantes nacional e internacionais, nomeadamente a Prof Joan Miller do MMassachusetts Eye and Ear – Harvard.
O futuro da saúde em Portugal, particularmente da Oftalmologia, vai também estar em discussão com a apresentação do Projeto do Sub-Cluster de Oftalmologia do Health Cluster Portugal.
RX – O Congresso destina-se apenas a médicos oftalmologistas ou também a outros especialistas envolvidos na abordagem da doença oftalmológica, nomeadamente a Medicina Geral e Familiar que pode ter um papel mais marcado na identificação ou suspeita deste tipo de doenças?
MJQ – Sem duvida; desde logo sendo o tema principal a Diabetes Ocular, teremos a presença da Sociedade Portuguesa de Doenças Metabólicas. As reuniões são abrangentes e destinam-se sobremaneira aos colegas de Medicina Geral e Familiar e ainda a Sociedade Portuguesa de Pediatria.
RX – Quantos participantes estão já inscritos?
MJQ – Cerca de 600 congressistas oftamologistas. Se associarmos a este numero o Staff da industria e acompanhantes, prevê-se cerca de 1300 pessoas neste evento.
Cátia Jorge