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Doença reumática afeta a produtividade de cerca de 87% dos doentes

Doença reumática afeta a produtividade de cerca de 87% dos doentes

Foram ontem apresentados os resultados do estudo Doenças Reumáticas: Produtividade, Empregabilidade e Saúde Social, promovido pela Plataforma PortugalApto.pt , que revelam que 87% dos doentes incluídos viram a sua produtividade afetada pela doença reumática e que, por cada doente ativo, o absentismo laboral total é superior a 9 horas semanais.

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De acordo com Augusto Faustino,  coordenador da plataforma PortugalApto.pt, este estudo teve como objetivos “avaliar a relação direta entre as doenças, o absentismo e as reformas antecipadas, bem como identificar medidas que promovam a melhoria das condições de rentabilidade laboral numa perspetiva de defesa do doente, permitindo-lhe por um lado manter o seu trabalho e, por outro, efetivá-lo para que melhor se coadune com as suas limitações e capacidade individuais, motivadas em cada momento pela doença reumática”.

O estudo em curso, que conta com uma amostra de 358 pessoas com doença reumática diagnosticada, adultos profissionalmente ativos ou reformados de uma consulta de Reumatologia geral, teve como objetivo obter sugestões de alteração das condições de trabalho de profissionais com uma doença reumática e avaliar a atual situação laboral dos inquiridos. Através do questionário Work Productivity and Activity Impairment (WPAI) foram medidos os prejuízos que as doenças reumáticas provocam no trabalho e nas atividades quotidianas.

Na avaliação das sugestões de melhoria no local de trabalho destacam-se como principais resultados que no ponto organização temporal 19,3% dos inquiridos referiram a flexibilidade de horário, 14.9% as pausas alargadas para almoço e 13.6% o menor controlo do ritmo de trabalho. Em termos de carga física e ambiente 21.9% dos entrevistados referiram a melhoria da postura, 20.9% a climatização e 18.4% a alternância de posturas. No tópico apoio médico e terapêutico 19.4% dos entrevistados gostariam que a medicação fosse mais barata, 18.3% que o exercício físico regular fosse mais orientado e 15.1% que os tratamentos fossem comparticipados. Em termos legais a sugestão de baixas com maior remuneração foi a resposta mais frequente (17.2%), seguida da redução da idade da reforma (16.7%) e da isenção de taxas moderadoras (13.6%).

“O estudo em curso, que conta com uma amostra de 358 pessoas com doença reumática diagnosticada, adultos profissionalmente ativos ou reformados de uma consulta de Reumatologia geral, teve como objetivo obter sugestões de alteração das condições de trabalho de profissionais com uma doença reumática e avaliar a atual situação laboral dos inquiridos”

Relativamente à atual situação laboral entre os principais resultados destaca-se que 30% dos inquiridos tiveram pelo menos 1 dia de baixa devido à doença reumática no último ano. Destes, 5,6% estiveram de baixa entre 120 e 265 dias. Nos doentes ativos questionados, na última semana de trabalho, registou-se um absentismo laboral semanal de mais 9 horas. Por outro lado, verificou-se também que quase 50% dos inquiridos trabalhou metade das horas que devia na última semana. Em termos de produtividade 87% dos inquiridos revelou que a doença reumática afetou, mesmo que ligeiramente, a sua produtividade. De destacar ainda que, entre os doentes reformados, 50% afirma que foi a doença reumática que levou à reforma antecipada. Foram ainda apurados os níveis de presenteísmo (44.6%) – percentagem de prejuízo do trabalho por doença –, de absentismo (11%) – percentagem de horas de trabalho perdidas por doença – e de perca de produtividade no trabalho (44.5%) – percentagem de prejuízo global por doença.

Os resultados deste estudo foram apresentados ontem numa reunião promovida pela plataforma PortugalApto.pt com profissionais de saúde, técnicos e associações de doentes onde se discutiu a problemática do absentismo laboral e das reformas antecipadas que advêm das doenças reumáticas. Posteriormente pretende-se envolver também as associações empresariais, os sindicatos e a classe política na elaboração de um documento de consenso sobre a empregabilidade, capaz de promover alterações ao nível da legislação ou da adaptação do local de trabalho às necessidades dos doentes, por forma a integrá-los na sociedade, aumentando a retenção laboral e a consequente produtividade.

“Atualmente enquanto os sistemas de saúde e a segurança social suportam as reformas baixas, as complicações dos doentes reumáticos, as empresas pagam aos trabalhadores, mesmo tendo estes uma baixa produtividade decorrente da sua doença reumática e da sua incapacidade em efetuar as suas atividades profissionais habituais. É importante que todas as entidades envolvidas nesta problemática se juntem em torno da elaboração de uma estratégia conjunta que permita combater este problema, invertendo o sofrimento do doente reumático na efetivação das suas atividades profissionais, diminuindo o absentismo laboral e as reformas antecipada que contribuem para a redução do número de pessoas ativas e consequente produção de riqueza e produtividade do país. Pelo contrário, acreditamos que a mudança e o ajuste coletivo e individual das condições de trabalho dos doentes reumáticos é possível, sendo imperioso demonstrar que a manutenção do trabalho é um bem essencial para o doente reumático, mas que para o conseguir de forma efetiva e sem que este se constitua numa agressão suplementar para o indivíduo doente, muito se terá de fazer para modificar a atual realidade do enquadramento profissional e laboral das doenças reumáticas em Portugal”, conclui Augusto Faustino.