Rethinking Pharma: “Achocalhar” mentalidades e repensar estratégias
O Raio-X foi, na semana passada à 4.ª Edição do Rethinking Pharma que teve lugar em Tróia nos passados dias 23 e 24. Em conversa com Paula Costa, Sénior Partner da By Vinko, a empresa de comunicação oficial deste evento, ficámos a conhecer os quatro principais temas que, nesta quarta edição foram repensados e de que forma a indústria farmacêutica pode inovar para valorizar a sua atuação, quer na perspetiva do negócio, quer na perspetiva da imagem.
Paula Costa, Sénior Partner da By Vinko
Raio-X (RX) – Em que contexto e com que objetivos surgiu a reunião Rethinking Pharma?
Paula Costa – O Rethinking Pharma, enquanto modelo, surge com o objetivo de trazer o debate em torno das questões estratégicas da indústria farmacêutica para a ordem do dia. Ou seja, o objetivo é pôr a industria farmacêutica a debater as questões que preocupam o setor e cada empresa, individualmente, nas várias áreas de atividade (Inovadores, Genéricos, OTCs), de forma a encontrar caminhos e ideias alternativas para o cumprimento dos objetivos de negócio. Foi essa a missão que nos levou, há quatro anos, a criar este evento.
RX – Quais os principais temas em debate nesta 4.º edição?
PC – Nesta edição, com base num questionário feito na edição anterior, sobre os temas que os participantes gostariam de ver debatidos, elegemos quatro temas centrais para o debate: Networking, Inovação, o Doente e o Cliente. Na primeira mesa, repensámos o Networking num contexto de várias realidades diferentes, refletindo sobre as vantagens de uma boa gestão da nossa rede de network na perspetiva individual mas também empresarial, por isso mesmo esta mesa foi moderada por dois diretores Gerais de duas grandes empresas farmacêuticas. Repensar a Inovação para além do produto foi o tema da 2ª mesa, focado nas estratégias, nos modelos organizacionais e comerciais, nas mentalidades e nas novas tecnologias. Na 3ªmesa debatemos o tema do “Patient Centricity”, ou a cultura centrada no doente que, no âmbito das políticas de saúde, está na ordem do dia, contudo foi interessante perceber as várias dimensões desta reflexão quando debatidas por diferentes stakeholders que têm formas diferentes de ver e de viver esta cultura. Foi também debatida a questão do Costumer Engagement na última mesa onde se abordou o modelo comercial adaptado à nova era e à comunicação multicanal, incluindo a experiência e a inovação digital como parte da estratégia concertada para o Cliente
RX – Repensar a inovação é um tema transversal a todas as edições. É fácil inovar num setor tão regulamentado como é o caso do medicamento?
PC – Em qualquer área de atividade existem limites, barreiras e legislação. O desafio é usar esses limites como fonte de criatividade. Procuramos trazer algo de novo que abane o status quo e isso é verdadeiramente inspiradorquando trazemos alguns exemplos de outros mercados e fazemos o paralelismo com a área da saúde. Penso que é sempre possível inovar. O problema é que só inovamos se sairmos da nossa zona de conforto, o que é sinónimo de dizer que as empresas têm de criar espaço para a inovação que nem sempre é percebida no presente.
RX – Ainda não há uma cultura centrada no doente. Qual pode ser o contributo da indústria farmacêutica para a inversão desta realidade?
PC – Falámos do ponto de vista da acessibilidade, do preço e da comunicação. Diria que há outra parte que não se detalhou muito e que está relacionada com os planos estratégicos da própria indústria farmacêutica. A indústria farmacêutica tem de encontrar uma forma de ouvir e de integrar o doente nos seus planos, para adotar uma cultura centrada no doente, em suma, trazer o doente para o centro das decisões. Muito tem sido feito nesse sentido mas muito ainda existe para fazer, como se pode inferir pelo resultado desta mesa.
RX – A articulação entre a indústria farmacêutica e as associações de doentes pode facilitar essa aproximação?
PC – Naturalmente que sim, mas para tal é preciso que as associações de doentes estejam preparadas para isso, também elas devem inovar e procurar novas soluções e novas comunicações centradas no doente. Mas a verdade é que muito se evoluiu nessa área e a prova disso é que a moderação desta mesa esteve sob a responsabilidade de uma representante de uma associação de doentes.
RX – Que mensagens gostaria que os participantes nesta reunião levassem daqui?
PC – Gostaria, antes de mais, que aqueles que têm poder de decisão sentissem que este Fórum foi útil por levantar questões que, às vezes, são esquecidas e que se sentissem impelidos a revisitar os seus planos estratégicos no sentido de refletir e “abanar” mentalidades que, muitas vezes, só fazemos fora do ambiente habitual do dia-a-dia e da pressão dos deadlines e dos relatórios.
Por Cátia Jorge