João Morais, presidente da SPC: “O maior desafio é dar continuidade aos desafios que vêm de trás”
João Morais acaba de tomar posse enquanto presidente da 35.ª direção da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) e tem já como certos dois grandes desafios para o próximo biénio: “modernizar a sociedade e colocar a saúde cardiovascular na agenda política nacional, com vista a uma maior participação da sociedade nas decisões políticas tomadas nesta área”.
Ainda no rescaldo do Congresso Português de Cardiologia, que terminou esta terça-feira, no Algarve, o diretor do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Leiria, afirmou, em declarações ao Raio-X, que a sociedade não é uma estrutura estanque e que “o primeiro grande desafio de cada nova direção é garantir a continuidade do trabalho desenvolvido pelas direções anteriores”. É nesse sentido que vai continuar a apostar na modernização da Sociedade que conta já 68 anos de existência e que era já uma prioridade da direção liderada por Miguel Mendes.
Paralelamente, “temos de colocar a SPC na agenda política para a saúde cardiovascular em Portugal. Temos o conhecimento científico, sabemos quais são as principais doenças que afetam a população, estamos próximos doentes, pelo que temos de ser chamados a participar nas decisões políticas que são tomadas dentro desta área”, argumenta.
O Cardiologista acredita que a redução da mortalidade e morbilidade cardiovasculares depende, sobretudo, da melhoria dos cuidados prestados aos doentes e de uma otimização da organização dos serviços, no entanto, sublinha a importância de um maior investimento na prevenção
O Cardiologista acredita que a redução da mortalidade e morbilidade cardiovasculares depende, sobretudo, da melhoria dos cuidados prestados aos doentes e de uma otimização da organização dos serviços, no entanto, sublinha a importância de um maior investimento na prevenção. “Este é um problema educacional que não está apenas nas mãos dos profissionais de saúde. Essa educação começa na infância, nas escolas, nas famílias e implica obrigatoriamente um maior envolvimento de toda a sociedade”, justifica. Embora reconheça que muito pode ainda ser feito no campo da prevenção, João Morais não deixa de valorizar o caminho que já foi percorrido. “Temos uma população mais preocupada com o que come, mais empenhada na prática de exercício físico, temos escolas que apostam em refeições mais saudáveis para os alunos e, sobretudo, temos uma das melhores legislações antitabágicas do mundo”, conclui