HBP – A doença da próstata que não mata, mas incomoda
No que toca aos assuntos da próstata, os portugueses têm uma única preocupação: o cancro. No entanto, há doenças da próstata que não tendo uma evolução maligna nem impacto em termos de mortalidade, condicionam bastante a qualidade de vida dos doentes. É o caso da hiperplasia benigna da próstata (HBP) sobre a qual Frederico Ferronha falou ao Raio-X, na data em que se celebrou o Dia Nacional da Próstata – 20 de maio.
Afeta cerca de 25% dos homens com mais de 45 anos, cerca de 70% dos homens com mais de 65 e quase todos os que têm mais de 90. “A HBP é uma das mais frequentes doenças benignas nos homens e caracteriza-se por um aumento do volume da próstata que causar uma obstrução da uretra e alterações no funcionamento da bexiga que levam ao aparecimento de sintomas do trato urinário inferior (LUTS)”, descreve Frederico Ferronha, em declarações ao Raio-X.
Afeta cerca de 25% dos homens com mais de 45 anos, cerca de 70% dos homens com mais de 65 e quase todos os que têm mais de 90. “A HBP é uma das mais frequentes doenças benignas nos homens e caracteriza-se por um aumento do volume da próstata que causar uma obstrução da uretra e alterações no funcionamento da bexiga que levam ao aparecimento de sintomas do trato urinário inferior (LUTS)”
Aumento da frequência urinária durante o dia (polaquiúria), durante a noite (noctúria), urgência em urinar, incontinência urinária são os sintomas de armazenamento mais frequentemente reportados pelos doentes. Contudo, há também um conjunto de sintomas de esvaziamento relacionados com a própria micção, entre os quais “jato fraco, hesitação, intermitência, esforço abdominal”, aponta o urologista do Hospital de S. José, acrescentando que há ainda sintomas pós miccionais como a sensação de esvaziamento incompleto e gotejo pós-miccional.
De acordo com Frederico Ferronha, “são estes sintomas que condicionam a qualidade de vida dos doentes e que arrastam outros problemas como os distúrbios do sono, no caso dos doentes que sofrem de noctúria”.
Todavia, “estes sintomas nem sempre estão relacionados com o volume da próstata, em si”, e uma vez que os objetivos terapêuticos da HBP são o alívio sintomático e a melhoria da qualidade de vida, “apenas tratamos doentes com queixas”. Por outras palavras, “por si só, as alterações do volume da próstata não são um indicador de que deve ser iniciado tratamento”. Até porque, “há doentes com um grande volume prostático que não têm sintomas e há doentes muito sintomáticos que não apresentam alterações tão significativas da próstata”.
Do diagnóstico ao tratamento
Até ao momento não são totalmente conhecidas as causas da HBP. “Sabe-se apenas que é uma doença que está muito associada ao envelhecimento, que é mais comum a partir dos 40 anos, mas cuja incidência aumenta significativamente em homens com mais de 65 anos”, adianta Frederico Ferronha. “Alguns estudos têm relacionado os maus hábitos alimentares e o consumo excessivo de gorduras com a HBP, contudo, não existem evidências sólidas que sustentem esta associação”, acrescenta.
Ao contrário do cancro da próstata, que evolui de forma silenciosa e é diagnosticado, geralmente, já em fases avançadas ou em exames ocasionais, a HBP “é diagnosticada, sobretudo nos doentes que apresentam queixas”. Ou seja, é face ao aparecimento de sintomas incomodativos que o doente procura ajuda médica. “O diagnóstico assenta numa avaliação da história clínica e familiar do doente, num exame físico, no qual não deve faltar o toque rectal, assim como numa avaliação do Antigénio Específico da Próstata (PSA) que, está geralmente, aumentado nos doentes com HBP.
“Os doentes que apresentam, sintomas devem ser avaliados por um médico, independentemente da idade”, recomenda o especialista. Nos doentes que não têm queixas, o rastreio deve ser feito a partir dos 45 anos
“Os doentes que apresentam, sintomas devem ser avaliados por um médico, independentemente da idade”, recomenda o especialista. Nos doentes que não têm queixas, o rastreio deve ser feito a partir dos 45 anos.
Como já foi referido, nem todos os doentes precisam de fazer tratamento, porém, na presença de sintomas, quanto mais precocemente for iniciada a intervenção terapêutica, menores serão os riscos de complicações mais graves. “Na presença de sintomas ligeiros, pouco incomodativos, há estratégias que ajudam a viver melhor com a HBP, tais como evitar a ingestão hídrica a partir do final da tarde, evitar passar muito tempo sem urinar, esvaziar a urina regularmente”, exemplifica o urologista. No entanto, face a sintomas que interfiram mais seriamente na qualidade de vida, “é necessário o recurso a tratamento farmacológico para um melhor controlo sintomático”.
O tratamento cirúrgico está, segundo Frederico Ferronha, reservado para complicações mais graves da HBP, como é o caso da retenção urinária aguda.
O especialista reforça que a HBP não tem qualquer relação com o cancro da próstata. Frederico Ferronha alerta ainda para a importância de procurar ajuda médica mediante o aparecimento de sintomas.
Por Cátia Jorge