Bronquiectasias não fibrose quística: do registo à rede de referenciação
“Estamos na reta final para a operacionalização do registo. Neste momento, faltam resolver apenas questões de natureza técnica, relacionadas com o software desenvolvido”, avançou Carlos Lopes, coordenador do NEBNFQ, lembrando que “os registos vão permitir estimar o crescimento desta população, tornando imperativo o planeamento de recursos que possam dar resposta às necessidades crescentes destes doentes”.
Para além disso, o NEBNFQ irá implementar formalmente, durante este mandato, uma rede de referenciação clínica, que já existe num plano informal. “A ideia é criar um documento oficial que informe os médicos e os doentes sobre a localização das consultas especializadas de bronquiectasias, a partir do qual os médicos possam também saber onde podem ter acesso aos exames”, explicou o pneumologista.
Como terceiro grande objetivo para este mandato, Carlos Lopes referiu a publicação de recomendações terapêuticas nesta área. “Já publicámos, na Revista da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, recomendações de diagnóstico com base em recomendações internacionais, mas adaptadas à nossa realidade”. Segundo o especialista, estas recomendações sistematizam a marcha de diagnóstico que o doente com bronquiectasias deve fazer, para que o médico especializado ou o pneumologista saiba para onde referenciar o seu doente para fazer o estudo completo da doença. “A partir daqui, o objetivo é desenvolver recomendações terapêuticas para orientarmos o médico sobre o tratamento mais adequado e, por outro lado, vermos facilitadas as aprovações ao nível da antibioterapia inalada. Isto vai conduzir, não só a uma melhoria dos cuidados aos doentes, mas também a uma economia da carga de trabalho para os médicos que tratam esses doentes”, rematou.
“O objetivo é desenvolver recomendações terapêuticas para orientarmos o médico sobre o tratamento mais adequado e, por outro lado, vermos facilitadas as aprovações ao nível da antibioterapia inalada”.
Neste âmbito, a reunião do Núcleo trouxe a debate temas que “vão servir de base para facilitar a implementação destes objetivos”. Temas comuns na prática clínica, mas igualmente controversos, preencheram o programa científico desde as 9 da manhã às 18 horas, em sessões amplamente participadas, que contaram com a presença e preleções de dois convidados estrangeiros.
Anthony de Soyza, de New Castle, apresentou o tema “Bronquiectasias e microbioma: relação com a gravidade da doença” e o especialista holandês Jakko van Ingen abordou o “Papel das micobactérias atípicas nos doentes com BQ”. “A primeira apresentação foi fundamental para revermos as nossas abordagens terapêuticas com antibióticos, evitando a emergência de resistências, para conservarmos o mais possível a diversidade do microbioma. A segunda apresentação foi dedicada às micobactérias, um problema emergente no qual ainda há muito a melhorar”, afirmou o coordenador do NEBNFQ.
A reunião abordou ainda temas como os antibióticos inalados, os macrólidos, as infeções fúngicas, entre outros, envolvendo vários elementos da SPP.