Cuidados paliativos nos doentes oncológicos
É um tema incontornável numa reunião dedicada ao cancro e neste 2nd Update in Clinical Oncology foi abordado pelo Dr. Florian Strasser. De acordo com o oncologista do Cantonal Hospital St. Gallen, Suiça, “os cuidados paliativos são uma importante intervenção em todos os doentes com doença oncológica avançada e incurável”. Na perspetiva do especialista, qualquer profissional que esteja envolvido na abordagem destes doentes deve estar em condições de prestar cuidados paliativos, no entanto, dentro das instituições hospitalares, são os enfermeiros de Oncologia, os médicos oncologistas e os especialistas em cuidados paliativos que assumem esta função.
Dentro dos cuidados paliativos incluem-se a compreensão da doença e do prognóstico, o apoio na tomada de decisões, a gestão dos diversos tipos de sintomas (dor, fadiga, falta de ar, ansiedade, depressão, anorexia, sonolência e outros sintomas), o apoio à família, a abordagem de crenças espirituais e a preparação para o final da vida.
Segundo o Dr. Florian Strasser, o tratamento dos doentes com cancro está ainda muito centrado nos resultados de sobrevivência global e de sobrevivência livre de progressão, assim como nos indicadores de progressão tumoral. “Infelizmente, a qualidade de vida do doente ainda não é a preocupação primária”. No entanto, a escala de benefício clínico da ESMO (European Society for Medical Oncology) introduz um conceito de sobrevivência combinada com toxicidade e qualidade de vida enquanto indicador de boas práticas clínicas. “O que ainda falta é uma medição pró-ativa do benefício clínico com base no parecer do doente”, sublinhou o especialista.
“Tão importante como individualizar o tratamento anticancerígeno é levantar outras questões como: até que ponto o cancro está a causar sofrimento no doente? Que intervenções paliativas já são aplicadas ao doente para melhorar a sua qualidade de vida?”.
Depois, é preciso questionar até que ponto o tratamento anticancerígeno vai melhorar os sintomas relacionados com o cancro e quais os seus efeitos secundários, não apenas a toxicidade global, mas também a toxicidade que afeta a qualidade de vida do doente.
Finalmente, acrescentou o Dr. Florian Strasser, “é preciso definir objetivos personalizados do tratamento anticancerígeno”. Igualmente importante é, antes de iniciar o tratamento contra o cancro, fazer o levantamento de todas as necessidades paliativas para que seja implementada uma intervenção adequada, e discutir com o doente os potenciais ganhos de sobrevivência do tratamento.