O papel da imunoterapia e das terapias-alvo no tratamento do melanoma
Foi no melanoma avançado que os primeiros resultados com imunoterapia começaram a revelar ganhos significativos de sobrevivência em doentes que tinham, à partida, curta esperança de vida.
Inicialmente os anti-CTLA-4 e, posteriormente os anti-PD-1, apresentaram curvas de sobrevivência que impressionaram os investigadores e os profissionais de saúde que tratam estes doentes. O único problema é que a taxa de doentes respondedores rondava os 20% e não havia como selecionar previamente os doentes com maior probabilidade de resposta.
“Respostas sustentadas, mas numa percentagem baixa de doentes era o que mostravam os primeiros estudos com imunoterapia”, descreve a Dr.ª Ana Raimundo.
Atualmente, a Coordenadora da Oncologia do Hospital CUF Infante Santo acredita que tanto a imunoterapia como as terapias-alvo têm o seu lugar bem estabelecido no tratamento do melanoma. “Os dados mais recentes revelam os efeitos destes tratamentos a longo prazo, com mais tempo de seguimento em que se confirmaram, quer para a imunoterapia, quer para as terapêuticas-alvo, os benefícios de sobrevivência e qualidade de vida, confirmando-se a segurança”. Num subgrupo de doentes específico, como é o caso dos que têm metástases cerebrais, “está igualmente demonstrado o benefício destes tratamentos”, sublinha a especialista.
Apesar dos múltiplos estudos desenvolvidos nesta área, continuam por determinar os biomarcadores preditivos de respostas que permitam eleger os doentes que mais poderão beneficiar destas novas opções terapêuticas. “No caso do cancro do pulmão, a expressão de PD-L1 está já definida como um potencial marcador, mas o mesmo não acontece para o melanoma”.
Relativamente à escolha do melhor tratamento, “estão em curso diversos ensaios para responder a esta questão. Já temos dados de sobrevivência sobre algumas possibilidades de combinação de imunoterapia que nos sugerem que a taxa de resposta aumenta significativamente se forem associados dois fármacos com mecanismos de ação distintos, contudo, aumenta também a toxicidade”, sublinha a Dr.ª Ana Raimundo.
Em tom de conclusão, a oncologista lembra que, dentro dos tumores cutâneos, o melanoma é o menos incidente, mas o que tem maior impacto de mortalidade. “Em Portugal surgem cerca de 1000 novos casos de melanoma por ano. A maior parte, diagnosticada em fase precoce. Cerca de 15 a 20% em estádio avançado”.
Dr.ª Ana Raimundo, Dr. João Maia e Silva e Dr. João Paulo Fernandes