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Dia Mundial da Contraceção: 94% das mulheres portuguesas com vida sexual ativa usam contraceção

Dia Mundial da Contraceção: 94% das mulheres portuguesas com vida sexual ativa usam contraceção

Assinalou-se a 26 de setembro o Dia Mundial da Contracepção e este ano comemoram-se também 10 anos desde que o dia é celebrado. Falamos com a médica Diana Martins, ginecologista no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e com a Presidente da Sociedade Portuguesa da Contraceção e também ginecologista, Teresa Bombas, sobre as novidades e desafios que estão na ordem do dia.

De uma forma geral o que se pretende, neste momento, é uma população mais informada em relação ao uso dos métodos existentes: segundo um estudo sobre práticas contracetivas da Sociedade Portuguesa de Contraceção, 40% das mulheres com uma vida sexual ativa e a usar contracepção, não frequentou, no último ano, consulta de planeamento familiar.

Os mitos sobre a pílula nas consultas ainda se mantém: “depois de muitos anos a tomar a pílula a fertilidade pode ficar comprometida”, é o mito que Teresa Bombas mais ouve na consulta. Já Diana Martins, com quem conversamos sobre métodos contracetivos de longa duração, fala-nos dos mitos relacionados com o DIU: “há a ideia geral que só de pode colocar um DIU depois de ter filhos, que a colocação é dolorosa ou que o DIU se sente nas relações”.

O que é a contraceção de longa duração (CLD) e que métodos existem?

São métodos que não implicam uma toma diária ou mensal, permitem com uma aplicação única proteção contracetiva de anos. Existem três métodos diferentes: o Dispositivo Intra Uterino (DIU), que dura 7 a 10 anos, um dispositivo de cobre que se coloca no interior da cavidade uterina funcionando como corpo estranho; o Sistema Intra uterino (SIU), semelhante ao DIU mas que liberta de forma gradual uma hormona – levonogestrel – e que junta ao efeito de “corpo estranho” o efeito hormonal (existem dois SIUs actualmente comercializados em Portugal, um para 3 outro para 5 anos); e o Implante Sub Cutâneo – um dispositivo que se coloca na região interna do braço, sob a pele e que aí liberta gradualmente uma hormona – etonogestrel – com eficácia contraceptiva.

Estes métodos são indicados para todas as mulheres mas principalmente “para alguns grupos expecíficos de mulheres, nomeadamente mulheres para quem a pílula não é indicada: mulheres com excesso de peso, fumadoras, polimedicadas ou medicadas com fármacos que interferem com a pilula, como anti-epilépticos”, explicou a médica ginecologista Diana Martins. Para além destas, são também a melhor escolha quando o projecto familiar está completo, nomeadamente o SIU para uma transição perimenopáusica. O DIU é também uma opção para quem prefere um método contracetivo não hormonal.

Guia Masculino da Contraceção: porque os homens também querem saber de contraceção

A assinalar o dia foi também lançado na 7ª reunião anual da Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC), numa sessão dedicada à contraceção masculina, o Guia Masculino da Contraceção. O documento, fruto da ideia de seis especialistas em saúde sexual e membros do Grupo Ibérico de Estudos da Contraceção de Emergência procura dar resposta às principais dúvidas que os homens têm sobre o tema.

Ezequiel Pérez Campos, médico especialista em ginecologia e obstetrícia, e membro da direção da Fundação Espanhola de Contraceção (FEC) assinala que “existe uma relação muito estreita entre relações sexuais e a necessidade de métodos contracetivos, e ainda que a contraceção tenha sido sempre uma questão feminina, atualmente são cada vez mais os homens que se interessam por este tema. Geralmente associa-se o protagonismo na sexualidade ao homem e a contraceção à mulher, mas ambos os conceitos são erróneos uma vez que ambas as partes do casal têm os mesmos direitos e obrigações”.

 

Por Margarida Queirós