O estado da arte no tratamento do cancro da próstata
O Prof. Doutor Estevão Lima, urologista e coordenador da Unidade de Tumores Urológicos e Cancro da Próstata do Instituto CUF de Oncologia, e o Dr. Pedro Barata, oncologista da Cleveland Clinic, em Ohio, nos EUA, foram dois dos especialista presentes na sessão dedicada ao tema cancro da próstata.
Relativamente ao tratamento atual do cancro da próstata, o urologista lembrou que desde há vários anos a esta parte, o tratamento clássico é a cirurgia, deixando a ressalva de que têm também existido avanços noutras áreas, como a radioterapia ou tratamentos médicos.
“Inicialmente fazia-se cirurgia apenas por via aberta. Depois apareceu a laparoscopia e com ela evoluções a nível técnico, pois antes havia o risco de incontinência urinaria e impotência sexual. Mas a técnica cirúrgica evoluiu e os resultados são muito melhores”, sublinhou o urologista, explicando que o aprimorar da técnica possibilitou melhores taxas de preservação da atividade sexual.
Quanto ao advento da robótica, o especialista esclareceu que esta apresenta como grande vantagem o encurtamento do processo de aprendizagem dos cirurgiões e o permitir de uma melhor qualidade da anastomose entre a bexiga e a uretra, produzindo melhores resultados de preservação da continência precoce. Ainda assim, deixou vincada a ideia de que esta técnica só faz sentido em centros especializados, “onde exista grande volume que permita qualidade cirúrgica”.
Também marcada pela inovação neste campo tem estado a vertente médica, e sobre esse tema o Dr. Pedro Barata reconheceu diversas potencialidades.
“De facto há lugar ao tratamento médico, não só na doença localizada mas também na doença avançada”, revelou o médico, acrescentando que na doença localizada o esteio é a cirurgia ou a radioterapia, mas o oncologista tem uma palavra a dizer:
“Podemos adjuvar a radioterapia e trabalhar para melhorar os resultados, curando o doente através de um tratamento conhecido por hormonoterapia”, realçou, prosseguindo ao afirmar que no campo da doença avançada tem existido uma revolução, sobretudo na última década.
“Temos a quimioterapia, tratamentos orais que exploram o eixo da testosterona, a imunoterapia, e tratamentos específicos para a doença que envolve o osso. É um arsenal médico muito grande que me leva a dizer que o nosso papel é mais ativo na fase avançada da doença”, reconheceu, classificando ainda o trabalho de equipa como fundamental no desenrolar de todo o processo terapêutico.
“Todos os centros de tratamento devem ter equipas multidisciplinares, que deverão incluir os especialistas de Urologia, Oncologia Médica, Radiologia e Radioterapia.
A terminar, o oncologista focou o papel da abordagem destes profissionais em doença fora da próstata, isto é, com a existência de metástases, e reforçou a importância dos ensaios clínicos neste universo.
“Os ensaios clínicos não significam experimentação por si só, mas antes constituem o processo necessário de validação dos tratamentos no cancro da próstata e noutros cancros também. É o único caminho com validade científica”, terminou.
Emanuel Dias, António Quintela, Estêvão Lima, Pedro Bargão e Pedro Barata