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Disfunção Sexual: “Afeta a pessoa, o casal e até o envolvimento familiar e profissional”

Disfunção Sexual: “Afeta a pessoa, o casal e até o envolvimento familiar e profissional”

O dia 14 de fevereiro não é só o dia em que celebramos o Dia dos Namorados, celebra-se também o Dia Nacional do Doente Coronário e o Dia Europeu das Disfunções Sexuais. A disfunção sexual é ainda um tema sobre o qual há muito desconhecimento: caracteriza-se por alterações ou perturbações no ciclo de resposta sexual que impedem a vivência de uma vida sexual satisfatória e gratificante. No nosso país, ainda há uma grande prevalência de disfunção sexual. De forma a assinalarmos este dia, o Raio-X, falou sobre disfunção sexual, com Nuno Monteiro Pereira, médico especialista em Urologia e Andrologia, do Hospital Lusíadas.

Raio-X (RX) – A 14 de fevereiro assinala-se o Dia Europeu das disfunções sexuais. Quais são as disfunções mais comuns tanto nos homens, como nas mulheres?

Nuno Monteiro Pereira (NP) – Nos homens, a disfunção mais comum e mais prevalente é, sem dúvida alguma, a ejaculação prematura, no entanto, não quer dizer que seja a mais perturbadora. Sendo a mais perturbadora a híper disfunção erétil. Em Portugal há estudos que demonstram que cerca de 20% dos homens, entre os 18 e os 60 anos, sofrem de ejaculação prematura. Porém, a disfunção erétil anda à volta dos 13%, na faixa etária entre os 40 e os 70 anos. Por sua vez, nas mulheres, a mais comum é a falta de desejo, chamado desejo hipoativo. Depois temos também a dificuldade ou incapacidade de atingir o orgasmo. Estima-se que cerca de 8% das mulheres nunca tenham tido um orgasmo e nunca venham a ter. Não quer isso dizer que não tenham satisfação sexual durante as relações.

RX – É fácil um homem ou uma mulher assumirem que têm uma disfunção sexual?

NP – Regra geral, e tendo em conta a minha experiência profissional, considero que não é de todo fácil lidar com uma disfunção sexual, em ambos os casos. É uma situação bastante perturbadora, sendo que, a maior parte das vezes, acaba por afetar a pessoa, o casal, e até o envolvimento familiar e profissional. No entanto, quer por parte do homem quer por parte da mulher, existem várias formas de encarar a sexualidade. Há pessoas que têm uma sexualidade reduzida, eu diria que muitas vezes, chega até a existir assexualidade, ou seja, não sentir e não estar dependente de algum modo da sexualidade.

RX – E qual é a melhor forma de lidarmos com essa situação?

NP – Qualquer homem ou mulher deve sempre pensar que é uma situação que tem quase sempre cura ou tratamento, pelo menos, e de imediato deve procurar ajuda. Ajuda essa que deve começar, numa fase primária, pelo médico de família, que, mesmo que não saiba depois avançar com tratamentos mais complexos que sejam necessários, sabe encaminhar. Define logo ou tem uma ideia se é uma situação mais psicológica ou mais física, e logo aí determina se vai para o psicólogo, se vai para a ginecologista (no caso de ser mulher) ou se vai para o urologista.

Disfunção erétil: e quando o corpo falha na Hora H?

“Imagine que todos os dias à noite mete o despertador, mas naquele dia, adormeceu e não pôs. De manhã, ele não tocou e acorda atrasado para o trabalho. Prepara sempre a marmita para levar, mas hoje por acaso a empregada fê-lo por si. E até o pequeno-almoço, já estava pronto, toma-o à velocidade da luz e ao olhar para o relógio, repara que o atraso pode ser recuperado no caminho. Entra no carro, despe o casaco e mete o cinto… mete a chave na ignição e… quando finalmente dá à chave para arrancar, o seu veículo não pega na hora H… Com a disfunção erétil acontece algo idêntico – o corpo falha quando mais necessitávamos dele.”

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Porque é que acontece? Quais os sintomas? Como prevenir? Quem sofre? Como tratar? Descubra.

RX – Dentro das disfunções sexuais, a disfunção erétil é a que mais preocupa, sobretudo os homens. Quais é que são as causas deste problema?

NP – Geralmente considera-se que há uma relação entre a disfunção erétil e a idade, e embora essa relação exista, não é direta, ou seja, não é certo que um homem que envelheça vá ter disfunção erétil. Todavia, se o homem envelhece com doenças, poderá sofrer de disfunção erétil. Ou seja, a idade não é causa direta da disfunção erétil, as doenças que vão acompanhando a idade é que são. Sendo que a disfunção erétil não é uma doença, é um sintoma de doença. Considera-se assim que existem grandes fatores de risco de disfunção erétil, como por exemplo: a diabetes, geralmente todo o tipo de doenças que têm a ver com o estado arterial, como a hipertensão, os medicamentos para a hipertensão, o colesterol, os triglicerídeos e à parte, o tabaco. Todos estes fatores, com o tempo, vão levar à disfunção erétil.

RX – Quais são os principais sintomas da disfunção erétil?

NP – Chega a uma determinada altura que o homem começa a ter dificuldade em obter a ereção e às vezes também em mantê-la. Há homens que até têm uma razoável ereção só que dura muito pouco, perturbando completamente uma relação sexual. Portanto, o sinal da disfunção erétil é evidente para os homens, apercebem-se de imediato que estão com um problema, podem não saber qual é a causa.

RX – De que forma é que a disfunção erétil pode ser prevenida?

NP – Fazendo a considerada “vida saudável”, evitando os grandes fatores de risco: não fumar, tratar a diabetes, tratar a hipertensão, ir ao médico, fazer exercício físico, prevenir a obesidade, que também é um fator de risco embora indireto e claro, realizar exames periódicos, aquando do início dos sintomas. Embora muitas vezes, apesar desses cuidados, dessas precauções, acaba por aparecer na mesma. Mas na maior parte dos casos, a vida saudável e cuidada é uma base fundamental para a prevenção.

RX – Quais são as soluções que existem para tratar a disfunção erétil?

NP – Há várias soluções para o tratamento da disfunção erétil, extremamente eficazes. Existem várias maneiras, sendo que a terapêutica de primeira linha, considerada a mais simples, e que cura as disfunções eréteis de causa física e algumas psicológicas, é através de medicação. Existem medicamentos bem conhecidos dos homens, chamados inibidores da fosfodiesterase, como por exemplo o Viagra®. Existem quatro medicamentos semelhantes , extremamente eficazes e seguros. E até já há a possibilidade de adquirir os genéricos, sendo o seu valor metade do preço do medicamento original.

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Contudo, se a situação não for resolvida dessa maneira, há formas mais agressivas numa terapêutica de segunda linha. Estas podem passar por injeções no pénis, por dispositivos de vaco que permitem promover a ereção e a manter. E existe ainda, uma terceira linha, que embora seja menos usada, também acontece, que é exclusivamente cirúrgica, em que o homem é sujeito à aplicação das próteses penianas. Acaba por ser uma solução bastante cara mas também bastante eficaz, resolvendo toda e qualquer disfunção erétil de forma física.

RX – Qual é a faixa etária mais atingida pela disfunção erétil?

NP – Sensivelmente acima dos 60/65 anos. Também há algumas situações, escassas, de adolescentes e jovens adultos que têm uma disfunção erétil quase sempre, congénita, ou seja, sempre tiveram problemas desde a puberdade. Sendo o mais comum os homens novos terem mais problemas de natureza psicológica e os homens mais velhos geralmente de causas físicas.

As oito mentiras que já lhe contaram e você acreditou:

  • Quanto maior for o pénis, maior será a potência sexual;
  • Um homem a sério tem de ter relações sexuais todos os dias;
  • Falhar uma vez é sinal de impotência certa no futuro;
  • Vasectomia (esterilização) causa impotência;
  • Entrar na terceira idade significa dizer adeus ao sexo;
  • Os homens têm sempre apetite sexual;
  • Masturbação excessiva causa impotência;
  • Impotência indica que o homem é menos masculino;

 

Por Rita Rodrigues