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Simpósio Medela demonstra as evidências científicas do impacto do aleitamento materno na sociedade

Simpósio Medela demonstra as evidências científicas do impacto do aleitamento materno na sociedade

A Medela é uma empresa suíça que leva a cabo investigações básicas em colaboração com os mais destacados investigadores, profissionais de saúde e universidades para desenvolver produtos de aleitamento líderes em todo o mundo. Nos dias 22 e 23 de Março, realizou em Paris, o seu XIII Simpósio Internacional de Aleitamento Materno. Durante estes dois dias, mais de 650 pediatras, neonatólogistas, parteiros e responsáveis das UCIN (Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais) de todo o mundo ficaram a conhecer as novas evidências científicas que demonstram o grande impacto do leite materno para a sociedade, considerado “uma intervenção pública mundial de primeira ordem tão importante para a sociedade como têm demonstrado ser as vacinas”, assegurou Tricia Johnson, professora e economista da Universidade Rush de Chicago.

Os oradores do simpósio estiveram centrados nas novas descobertas sobre o grande impacto do leite materno na saúde dos bebés, na das mães e na sociedade no seu todo. Desta forma, todas as apresentações feitas foram orientadas para defender a importância de implantar programas de informação, consciencialização e divulgação sobre as características do leite materno. Os especialistas consideram que a defesa da alimentação com leite materno é uma intervenção que, a curto-prazo, oferece benefícios económicos à sociedade, exponencialmente superiores a longo prazo. Concretamente, estima-se que um aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida suporia uma poupança de centenas a milhares de milhões de euros de poupanças em custos de saúde diretos mundialmente, a cada ano, e ainda um decréscimo significativo da taxa de mortalidade, sendo possível salvar 800.000 vidas anualmente ao nível global. Juntamente com a redução dos custos de saúde, o aleitamento materno também aumenta a produtividade dos trabalhadores e o Produto Interno Bruto (PIB), ao reduzir as ausências das mães e dos pais dos seus postos de trabalho.

Além disso, os especialistas concordam na relação direta entre a saúde dos bebés e o consumo de leite materno prolongado no tempo, além dos seis meses de idade, que recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS). Exemplo disso mesmo é o trabalho desenvolvido pelo vice-presidente da Sociedade Francesa para as Origens Evolutivas da Saúde e da Doença, Laurent Storme, que explica que os primeiros mil dias de vida do recém-nascido são “a janela principal de oportunidade para a prevenção de doenças”. O seu esforço converteu o aleitamento numa prioridade fundamental dentro do programa nacional francês. Apesar das recomendações, os dados refletem que, dos 130 milhões de bebés que nascem no mundo anualmente, apenas cerca de 40% são alimentados de forma exclusiva com leite materno.

Um dos problemas tratados durante o encontro de especialistas em Paris foi como a anquiloglossia ou freio lingual (lingua presa) nos recém-nascidos dificulta o aleitamento, tanto para a mãe como para o bebé, já que entorpece a sucção e provoca dor na mama. À procura por uma solução para evitar o abandono do aleitamento, Donna Geddes, da Universidade de Austrália Ocidental, expôs a sua análise dos tratamentos atuais para os recém-nascidos com anquiloglossia, com base em frenotomias (corte do freio lingual) nos recém-nascidos. As suas novas e precisas medições clarificam a complexa inter-relação entre as fisiologias da mãe e o recém-nascido e proporcionam uma base sólida para o desenvolvimento de novos tratamentos que evitem praticar uma operação cirúrgica aos bebés. A capacidade do leite materno para prevenir doenças e reforçar o sistema imunológico dos bebés abre a porta para novos estudos sobre como melhorar e prolongar o seu consumo. No caso das crianças prematuras, o papel do leite materno é ainda mais relevante dada a sua exposição a um maior número de doenças e problemas de desenvolvimento, assim como a sua maior necessidade de cuidados de saúde.

Paula Meier, diretora dos Serviços de Aleitamento na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) do Centro Médico Universitário Rush, defende a importância de garantir a dose mais elevada possível de leite materno para os bebés prematuros de modo a melhorar a sua cura e desenvolvimento, por meio do apoio e aconselhamento às mães. Uma ferramenta que, por sua vez, reduz os custos médicos que  teriam de se investir nestas crianças no futuro.

As mães também beneficiam da prevenção de doenças

Os últimos estudos demonstraram que as propriedades do leite materno afetam as mães, por exemplo, reduzindo o risco de virem a ter cancro da mama. O objetivo final dos investigadores é transformar as descobertas científicas em iniciativas de saúde avançadas em prol das mulheres que desejem amamentar. Proteger a saúde das mães é igualmente um fator social chave.

O grupo de investigação de Alecia-Jane Twigger, do Instituto de Investigação de Células Estaminais no Helmholtz Center, Munique, criou mini seios autónomos com capacidade de aleitamento em laboratório, procurando assim compreender e tratar o crescimento anómalo das glândulas mamárias, que podem resultar numa baixa produção de leite ou no aparecimento de tumores.

Por outro lado, o caso que demonstra a investigação apresentada no simpósio por Thomas Hale, Fundador e Diretor Executivo do Centro Nacional de Risco em Bebés (National Infant Risk Centre) nos EUA, aborda os riscos do consumo de marijuana por parte de uma mãe lactante. Face à tendência crescente no consumo de marijuana, encontraram-se novas e exaustivas evidências sobre a presença de substâncias químicas no leite das mães que consomem esta droga. Este tipo de comportamento pode ocasionar consequências negativas nos recém-nascidos. No entanto, a investigação levada a cabo por Meghan Azad da Universidade de Manitoba (Canadá) sobre a incidência de respiração ofegante em recém-nascidos desvenda, entre outras coisas, que as mães com mais de 35 anos são mais constantes com o aleitamento e o mantêm durante mais meses do que as mães mais jovens, a quem custa mais cumprir com os seis meses recomendados, mostrando assim que outros indicadores sociais como a idade ou o nível educativo podem também influir na manutenção do aleitamento durante um maior período de tempo.

Considerações a reter

– Os especialistas defendem o aleitamento materno como intervenção de saúde pública de primeira ordem à altura das vacinas.

– O leite materno é considerado pelos especialistas uma intervenção que, a curto prazo, permite poupar centenas de milhões de euros, anualmente, em custos de saúde diretos ao nível mundial e aumenta a produtividade.

– A cada ano nascem 130 milhões de bebés no mundo, dos quais apenas cerca de 40% recebem aleitamento exclusivo durante os primeiros seis meses de vida. Este tipo de alimentação neste período salvaria, a cada ano, 800.000 vidas em todo o mundo.