Dia Mundial da Doença de Parkinson: “temos hoje disponíveis múltiplas abordagens terapêuticas”
Na data em que se assinala o Dia Mundial da Doença de Parkinson, o RaioX publica um artigo de opinião da autoria de Joaquim Ferreira, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e diretor do CNS – Campus Neurológico Sénior, no qual, afirma que “apesar da má conotação associada ao termo “Doença de Parkinson”, temos hoje disponíveis múltiplas abordagens terapêuticas que ajudam a que as pessoas com a Doença se mantenham bem, autónomas e ativas por muitos anos”.
A doença de Parkinson é uma doença frequente. Estima-se que existam mais de 18.000 pessoas com a Doença em Portugal e estes números irão aumentar muito nos próximos anos.O que mais frequentemente alerta para a doença é o tremor, mas nem todas as pessoas que tremem têm Doença de Parkinson. Mas um tremor que aparece de novo (e não existia antes), que está presente de forma mais intensa num lado do corpo, associado a maior lentidão de movimentos, um fácies inexpressivo (como se estivesse triste), um arrastar de uma perna, o menor balanceio de um braço ou uma letra mais pequena, deve levar quem tem estes sintomas ao médico.Felizmente existem muitos tratamentos que melhoram significativamente os sintomas da doença. Incluem-se nesta lista os medicamentos anti parkinsónicos, a fisioterapia, a terapia da fala, o exercício e técnicas cirúrgicas denominadas de estimulação cerebral profunda.
Em Portugal existem centros de grande competência para a avaliação e seguimento destes doentes e para realizar a cirurgia para a Doença de Parkinson. Contudo a facilidade de acesso a profissionais de saúde com treino e competência nesta doença não é igual em todas as regiões do país e o acesso a uma equipa multidisciplinar que inclua todas as várias modalidades de tratamento é ainda limitada.Existem também grupos de investigação laboratorial a trabalhar para um melhor conhecimento dos mecanismos da doença e potenciais novos tratamentos.
Este ano, neste dia mundial, pretende-se partilhar os testemunhos dos doentes para assim alertarmos todos para as particularidades da doença. Ao não conhecermos as características da doença podemos adotar comportamentos que não ajudam quem está doente. Isto acontece quando não compreendemos que os doentes podem ser mais lentos a fazer as tarefas do dia a dia; quando buzinamos a alguém que atravessa uma passadeira de forma lenta ou fica parado como se os pés estivessem colados ao chão; quando achamos que a alternância entre momentos em que os doentes estão muito mal (OFF) com momentos em que estão bem (ON) é uma opção e não algo incontrolável; quando mesmo os profissionais de saúde não compreendem a necessidade de ter de tomar medicação a intervalos de 2 h.
Apesar da má conotação associada ao termo “Doença de Parkinson”, temos hoje disponíveis múltiplas abordagens terapêuticas que ajudam a que as pessoas com a Doença se mantenham bem, autónomas e ativas por muitos anos. Compete-nos a nós contribuirmos para que todos possam aceder ao que de melhor a ciência e a medicina tem disponível para o tratamento desta doença.