Travar a progressão da doença de parkinson está mais perto de ser uma realidade
Começou hoje, 15 de março, e decorre até amanhã, 16 de março, o congresso nacional da Sociedade Portuguesa de Doenças do Movimento (SPDMov), no Hotel Curia Palace, em Aveiro. O estado da arte e os desafios futuros na doença de parkinson, vão estar em foco neste congresso, que este ano se dedica ao tema “A clínica nas doenças do movimento”.
A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum depois da doença de alzheimer e estima-se que afete cerca de 20 mil portugueses. Poder travar a progressão desta e de outras doenças neurodegenerativas é algo que pode estar muito próximo.“Interferir com a acumulação de aglomerados de proteínas no cérebro de doentes com parkinson ou outras doenças neurodegenerativas, através da remoção dessas proteínas, pode estar “a poucos anos” de ser uma realidade”, afirma Tiago Outeiro, professor da Universidade de Medicina de Goettingen, na Alemanha, que vai apresentar resultados da sua investigação e partilhar com os participantes do congresso o status dos ensaios clínicos que estão a decorrer, a medição dos resultados e avaliação das várias estratégias para interferir com o curso da doença de parkinson e outras doenças degenerativas.
“Sabemos hoje que há diferentes aglomerados de proteínas que se acumulam no cérebro dos doentes e estão associadas a patologias como a doença de parkinson, a doença de alzhemier ou a doença de huntington. A aglomeração dessas proteínas é significativamente mais frequente em pessoas que têm uma destas doenças e aumenta à medida que a doença progride”, começa por explicar o investigador. “Os estudos laboratoriais e os ensaios clínicos que estão a decorrer atualmente visam perceber de que forma é que estes aglomerados de proteínas se formam e se interferir na sua acumulação pode vir a travar a progressão destas doenças neurodegenerativas”, acrescenta Tiago Outeiro.
Segundo o especialista, os resultados dos ensaios clínicos que estão a decorrer podem chegar dentro de dois ou três anos e vão ser muito elucidativos, independentemente do que provarem, no entanto, “se vierem a provar que há efeitos diretos da remoção dos aglomerados proteicos, pode avançar-se para ensaios em grupos mais alargados e, posteriormente, dar-se a introdução de um novo medicamento no mercado, que será uma nova forma de tratamento”, acrescenta.
“Caso os estudos atuais venham a demonstrar que a remoção das proteínas aglomeradas não é suficiente para impedir a evolução da doença, teremos mais claro que a direção a seguir na investigação deve ser outra”, conclui o professor.
Distonia, tremor, ataxia e doenças do movimento na criança fazem também parte do programa cientifico deste congresso, no qual, serão também atribuídos prémios aos melhores trabalhos submetidos.