É urgente uma resposta mais agressiva na gestão do risco cardiovascular em pessoas com diabetes
De 22 a 23 de março realiza-se a segunda edição do evento “O Coração da Diabetes“, na Fundação Engenheiro António de Almeida, cuja organização está a cargo da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP). Este encontro visa juntar centenas de profissionais de saúde em torno das principais questões relevantes na diabetes e doenças cardiovasculares. “Atualmente é muito clara a necessidade de gerir de forma mais agressiva o risco de doença cardiovascular nas pessoas com diabetes, visto que são as doenças cardiovasculares a causa mais comum de morte entre os adultos com diabetes”, alerta José Luís Medina, endocrinologista e presidente desta edição.
Em 2014 a diabetes representou cerca de oito anos e meio de vida perdida por cada óbito por diabetes na população com menos de 70 anos. Com o passar dos anos, a prevalência desta doença crónica tem vindo a aumentar, o que realça a importância de diagnosticar e tratar de forma adequada e explica o empenho da APDP na organização deste encontro. “A diabetes afeta mais de um milhão de portugueses. 30% dos internamentos por acidente vascular cerebral (AVC) são em pessoas com diabetes e perto de 1/3 dos internamentos por enfarte agudo do miocárdio ocorrem em pessoas com diabetes. Não podemos ignorar esta doença nem as complicações a ela associadas”, afirma o endocrinologista.
O 2º O Coração da Diabetes vai juntar mais de 200 participantes, entre os quais profissionais das áreas que mais lidam com o flagelo da diabetes e das suas complicações, como é o caso da Endocrinologia, da Cardiologia, da Medicina Interna e da Medicina Geral e Familiar. Os temas a abordar no encontro têm uma relação direta com a prática clínica, procurando respostas para as importantes questões que assolam médicos e doentes na gestão da diabetes e das complicações a ela associadas. Será também abordado o impacto que a diabetes tem na qualidade de vida dos doentes e dos cuidadores, bem como o seu peso para o estado e para o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Obesidade, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca, cirurgia bariátrica como meio de proteção vascular, síndrome metabólica na mulher, biomarcadores e outros meios de diagnóstico em doentes sem sintomas são alguns dos temas em foco neste encontro.
“Apesar dos progressos já alcançados na gestão dos níveis glicémicos e no tratamento dos fatores de risco cardiovascular, a taxa de mortalidade em pessoas com diabetes tipo 1, por exemplo, ainda é elevada”, explica José Luís Medina, acrescentando que “por se manifestar mais cedo na vida do doente [por exemplo em criança ou adolescente] na diabetes tipo 1 as complicações vasculares começam a desenvolver-se cedo, logo no início da doença, embora se manifestem depois na idade adulta”.