Dia Mundial da Asma: mais de 4 em cada 10 asmáticos não têm a doença controlada
Celebra-se amanhã, a 7 de maio, o Dia Mundial da Asma. Para assinalar a data, a campanha “Vencer a Asma” – uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Grupo de Estudos em Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (GRESP), Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), Associação Portuguesa de Asmáticos (APA) e GlaxoSmithKline (GSK) – vai lançar um vídeo com testemunhos de diferentes especialistas e representantes de associações de doentes, sensibilizando para a importância do controlo da doença e a necessidade de uma comunicação mais aberta entre o doente asmático e o seu médico. Esta é já a terceira edição da Campanha “Vencer a Asma”.
Estima-se que, a nível mundial, existam 334 milhões de asmáticos[i] e, no nosso país, cerca de um milhão[ii]. Apesar da elevada prevalência, cerca de metade não tem a sua asma controlada[iii] e, adicionalmente, estes doentes não têm a percepção do descontrolo da doença, o que faz que não procurem ajuda para melhorar a situação. Este facto origina, frequentemente, idas às urgências e internamentos hospitalares, além de uma deterioração da função pulmonar, que pode chegar à insuficiência respiratória com incapacidade para a realização de tarefas diárias rotineiras, como subir um lance de escadas ou tomar um simples duche. Segundo o GRESP, um doente asmático cuja patologia não esteja controlada pode custar cerca de 1.400€, por ano, ao Estado.
“Estima-se que metade dos doentes com asma sob terapêutica crónica não tomam a medicação de acordo com o guia de tratamento. Os riscos associados ao não cumprimento incluem aumento do número de hospitalizações asssociadas à asma, idas ao serviço de urgência, consultas médicas não programadas, absentismo profissional e escolar e diminuição da qualidade de vida do doente e família”, defende Rita Gerardo, médica pneumologista da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.
Sobre a importância do correto tratamento da asma, Rui Costa, especialista em Medicina Geral e Familiar e coordenador do GRESP, refere: “a maior dificuldade reside na utilização correta dos dispositivos inalatórios e na sua utilização diária e prolongada. É essencial ensinar corretamente os doentes a utilizar o inalador e verificar, regularmente, a utilização pela equipa de saúde, pelo médico e/ou enfermeiro”.
“O doente deve falar com o seu médico sobre as limitações que sente, sobre tudo o que gostaria de fazer e não consegue ou tem medo de tentar. Deve assumir que precisa de ajuda e confirmar se está a utilizar o inalador corretamente e, também, procurar sempre o tratamento mais adequado para o seu caso”, considera Elisa Pedro, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica.
“A educação do doente, bem como a implementação de programas de intervenção multidisciplinares, permitem um melhor conhecimento da utilização dos fármacos, nomeadamente dos inaladores e dos motivos geradores do não controlo da doença. Adicionalmente, a relação médico-doente, baseada numa comunicação aberta e transparente, é um dos principais fatores críticos de sucesso. A educação é essencial, importa que a doença seja gerida em conjunto pelos profissionais de saúde e pelo asmático e seus familiares”, afirma Mário Morais de Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos.
A campanha “Vencer a Asma, antes que a Asma o vença a si!” pretende ouvir e compreender as limitações dos doentes asmáticos e melhorar a comunicação entre o médico e o doente, alertando também os doentes para a importância de não desvalorizarem os seus sintomas, de forma a poderem usufruir de um dia a dia sem limitações.
Mais informação sobre a campanha Vencer a Asma AQUI.
Referências:
[i] The Global Asthma Report 2014. Auckland, New Zealand: Global Asthma Network; 2014.
[ii] Norma de Orientação Clínica 016/11, Direção-Geral da Saúde
[iii] Sá-Sousa A. et al. Rev Port Pneumol. 2015. https://dx.doi.org/10.1016/j.rppnen.2014.08.003