“Mais de metade dos diagnósticos de cancro do rim é feita incidentalmente”
No âmbito do Dia Mundial do Cancro do Rim, que se assinalou a 18 de junho, o Raio-X falou com Filipa Carneiro, assistente hospitalar de Oncologia Médica no IPO do Porto, que comentou o diagnóstico, prognóstico e tratamentos disponíveis referentes ao cancro renal.
Raio-X (RX) – Como é diagnosticado o cancro do rim?
Filipa Carneiro (FC) – Mais de metade dos diagnósticos de cancro do rim é feita incidentalmente, geralmente num exame realizado por outro motivo, em que não se suspeitava de um tumor. Os sintomas clássicos de urina com sangue, dor dorsal ou massa abdominal palpável são cada vez mais raros e surgem apenas nos tumores mais avançados. O diagnóstico é feito por ecografia ou TAC.
RX – Qual é o prognóstico após o doente ser diagnosticado?
FC – O prognóstico está muito dependente do tipo de cancro do rim e da fase (estadiamento) em que é diagnosticado. Neste tipo de tumor são também utilizados grupos de risco que ajudam a melhor estabelecer o prognóstico. Na doença localizada de risco baixo/intermédio mais de 80% dos doentes estão vivos após 5 anos. Na doença metastizada de risco baixo/intermédio mais de 20% dos doentes estão vivos após 5 anos.
RX – Quais são os tratamentos disponíveis?
FC – Na doença localizada o tratamento pode ser cirúrgico, com a remoção total ou parcial do rim, ou recorrendo a técnicas não invasivas, tais como a crioablação e ablação por radiofrequência ou micro-ondas (nos tumores mais pequenos e periféricos). Na doença metastizada, sempre que for possível, deverá fazer-se a remoção das metástases. Caso não seja possível, o tratamento indicado é sistémico e pode consistir em terapêuticas-alvo ou imunoterapia, geralmente com boa tolerabilidade.
RX – Quais são os efeitos colaterais?
FC – Os efeitos colaterais do tratamento sistémico dependem do tipo de medicação em uso. Inibidores da tirosina quinase (TKI): cansaço, diarreia, alterações cutâneas, hipertensão arterial, hipotiroidismo e alterações hepáticas. Imunoterapia: hepatite, pneumonite, colite, rash cutâneo e alterações endocrinológicas.
RX – Como é feito o acompanhamento após tratamento?
FC – Nos doentes tratados cirurgicamente a vigilância é feita em consulta com análises e exame periódicos. Os doentes que estão a fazer medicação sistémica são avaliados mais frequentemente (a cada 4-6 semanas), para avaliar a existência de efeitos laterais e também a resposta do tumor ao tratamento em curso.
Por Rita Rodrigues