O futuro no tratamento do cancro da próstata
As principais novidades terapêuticas para tratar o cancro da próstata e o que se perspetiva para o futuro foram alvo de comentário num artigo da autoria de José Sanches de Magalhães, urologista no Instituto de Terapia Focal da Próstata.
Hoje, os tratamentos para o cancro da próstata são muitos. Incluem várias formas tradicionais de terapêutica do cancro, como a cirurgia, a radiação e/ou a quimioterapia, bem como algumas formas que são muito específicas para a próstata, como é o caso da terapia hormonal. Com tantas opções ao dispor, e tendo em consideração os possíveis efeitos colaterais que cada tratamento comporta e a agressividade da doença, tentamos adequar cada plano de tratamento às expectativas e estilo de vida do doente.
Surgem já no horizonte alguns estudos que nos permitem pensar que, num tempo talvez não muito longínquo, esta personalização do tipo de tratamento será algo muito mais real e, acima de tudo, mais eficaz.
A medicina de precisão – que significa combinar a terapêutica certa com o paciente certo no momento certo – está a inaugurar uma nova era no tratamento do cancro da próstata. Isso inclui a realização de novos testes genéticos de forma a que, através do estudo do ADN de cada paciente, seja possível, no futuro, ajudar a prever quais são os pacientes que correm o risco de desenvolver a doença mais agressiva e adaptar o tratamento a essa condição. Alguns testes já estão disponíveis para os pacientes em Portugal, como é o caso do SelectMDx, um teste laboratorial feito através de uma análise à urina que mede os níveis de mRNA, de DLX1 e HOXC6 (biomarcadores genéticos que se encontram elevados em pacientes com cancro da próstata).
Os novos tratamentos incluem também o desenvolvimento de radiofármacos (PSMA-Lu) específicos para o combate às células malignas do cancro da próstata, designadamente no caso de doença avançada e resistente à castração, sendo esta uma área que poderá vir a trazer boas notícias em breve. Existem muitos estudos e ensaios clínicos em curso e é uma área do tratamento do cancro da próstata que está a ser desenvolvida por muitos colegas em todo o mundo.
Também a imunoterapia – o processo de usar o próprio sistema imunológico do corpo para combater doenças –, é um tipo de terapia que está a ser estudada com vista a poder ser utilizada de forma mais eficaz no tratamento. Outra área importante é a dos tratamentos hormonais e também aqui assistimos continuamente ao desenvolvimento de novos fármacos – a apalutamida, por exemplo, é dos mais recentes – um “anti-androgénico” que está a ser utilizado para tratamento do cancro da próstata resistente à castração mas ainda não metastizado. Têm sido registados bons resultados relativamente à sobrevida do doente e ao aumento do tempo até à progressão da doença (metastização).
Também tem vindo a ser estudado e divulgado o conceito de “biopsia líquida”, o qual implica a realização de uma análise de sangue para identificar mutações do cancro e definir opções de tratamento mais eficazes.
São por isso, várias as razões que nos fazem estar otimistas quanto ao desenvolvimento de novas formas de tratamento para este tipo de cancro que afeta 1 em cada 7 homens no mundo. Sabemos que estes tratamentos e terapêuticas mais avançadas ainda se encontram, na sua maioria, no domínio dos ensaios clínicos, mas, com os avanços na ciência médica, teremos boas notícias e novas armas para o combate a esta doença muito em breve. Estamos atentos!