Saúde e qualidade de vida da pessoa idosa
O Dia Internacional do Idoso assinala-se a 1 de outubro. A este propósito, Manuel Teixeira Veríssimo, internista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e presidente da Competência de Geriatria da Ordem dos Médicos, escreveu um artigo de opinião para o Raio-X:
O envelhecimento da população portuguesa é um claro desafio não apenas para o sistema de saúde, mas também para a sociedade em geral. Para esta porque acarreta problemas económicos, sociais e até éticos e para o sistema de saúde porque significa mais doentes, maior consumo de cuidados de saúde e de medicamentos, bem como necessidade de pessoal e instituições preparadas para responder às particularidades clínicas e sociais os idosos.
Sabendo-se que as pessoas idosas apresentam habitualmente pluripatologia, estão polimedicadas e têm problemas que ultrapassam a área estrita da doença, é necessário que a sua avaliação e orientação sejam de caráter multidimensional, isto é, que para além do tratamento específico da doença, sejam também tidas em conta as áreas onde a pessoa idosa tem habitualmente problemas, nomeadamente as áreas funcional, mental, nutricional e social. Por vezes são estes aspetos, mais do que a própria doença em si, que condicionam a qualidade de vida e o próprio futuro da pessoa idosa.
Este aumento da população idosa deve deixar-nos contentes, pois significa desenvolvimento social, colocando-nos ao lado dos países desenvolvidos. Contudo, o aumento da longevidade, só por si, é pouco, sendo necessário que à maior quantidade de vida seja acrescentada qualidade de vida e esse patamar ainda não foi atingido em Portugal.
A saúde e qualidade de vida das pessoas idosas dependem das respostas que forem dadas no terreno, necessitando estas de ser não só variadas e adaptadas a cada indivíduo, mas também integradas em rede, abrangendo os serviços de saúde, a assistência social, as instituições de solidariedade social, a família e os amigos, variando o peso de cada uma destas partes em função das disponibilidades existentes e das necessidades de cada situação.
O atingimento destes objetivos também passa muito pela atitude do próprio, o qual deve interiorizar as práticas do envelhecimento ativo e saudável e aprender a lidar com os seus défices e doenças, não esquecendo que a prevenção da perda de capacidade física, funcional e mental depende não só do envelhecimento em si, mas também do desuso.
De realçar que a atividade física regular, a nutrição adequada, o treino mental e a boa inserção social são os pilares de um bom envelhecimento sendo, consequentemente, fundamentais para a saúde e qualidade de vida das pessoas idosas.