Novo guia de 5 passos para o tratamento da obesidade
A Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade (SPEO) e a Novo Nordisk acabam de lançar um novo guia com os 5 passos para o tratamento da obesidade, que tem como objetivo auxiliar os profissionais de saúde desta área durante as consultas com os doentes. O guia será apresentado no dia 21 de novembro no 24.º Congresso Português de Obesidade, e ficará disponível no espaço de exposição virtual da Novo Nordisk e no site da SPEO.
O guia começa por apresentar as principais conclusões do estudo ACTION IO, realizado pela Novo Nordisk, que indica que 68% das pessoas com obesidade reconhecem-na como uma doença; no entanto, 81% destas considera que a perda de peso é da sua inteira responsabilidade. Ao nível do comportamento do doente, o estudo conclui que em média, demora seis anos para que a pessoa com obesidade aborde pela primeira vez o assunto com o seu médico e 68% admite que gostaria que o seu médico iniciasse a conversa sobre o peso.
O mesmo estudo conclui também que 71% dos médicos não inicia a conversa sobre o peso porque acreditam que as pessoas com obesidade não estão interessadas em perder peso, apesar de apenas 7% destes referir ter sido essa a razão para não iniciar a conversa. Com o objetivo de aumentar o diagnóstico da obesidade e por consequência o seu tratamento, a SPEO e a Novo Nordisk lançam este guia de 5 passos que procura ajudar os profissionais de saúde nas consultas de obesidade a iniciar e manter o diálogo com o doente, para que seja possível encontrar a melhor solução e individualizar o tratamento.
O primeiro passo é o iniciar a conversa com a pessoa com obesidade e fazê-lo de forma apropriada é fundamental. Para além de pedir permissão para começar a conversa sobre o peso, o profissional de saúde deve ter sempre uma abordagem positiva e motivacional com o doente. Numa primeira fase, o profissional de saúde deve considerar alguns aspetos antes de iniciar a consulta e para isso este guia fornece uma checklist de apoio.
O passo seguinte é o diagnosticar, este é essencial para, de forma clara e assertiva, o profissional de saúde poder individualizar e escolher o tratamento adequado para o doente. Neste processo é fundamental avaliar o perímetro da cintura, para determinar possíveis riscos de saúde como o risco cardiovascular, e determinar o índice de massa corporal (IMC).
O terceiro passo fulcral neste processo é o conversar. De acordo com vários estudos, as conversas bem-sucedidas entre profissionais de saúde e os seus doentes ajudam a obter mais sucesso na perda de peso. Um dos pontos chave é clarificar que a obesidade não é culpa do doente e ajudá-lo a compreender que o peso é influenciado por fatores genéticos, ambientais e hormonais. Nesta parte, o profissional de saúde deve também conseguir explicar ao doente os riscos de saúde associados à obesidade e como uma perda de peso de 5% a 10% pode melhorar a saúde e reduzir o risco de comorbilidades.
No penúltimo passo temos a fase mais importante, o tratar. Uma vez que a obesidade é uma doença crónica, o seu tratamento deve ter como objetivo melhorar adicionalmente as complicações relacionadas, a saúde no geral e a qualidade de vida do doente. Uma das principais medidas de primeira linha a tomar é a modificação do estilo de vida, através de uma alimentação saudável e equilibrada, juntamente com o exercício físico. No entanto, alterar o estilo de vida nem sempre é suficiente para a perda e manutenção do peso.
É neste sentido que existem dois tipos de tratamentos possíveis: o farmacológico, de segunda linha, para doentes com IMC entre 27 e 30 kg/m2 com pelo menos uma comorbilidade associada ou IMC superior ou igual a 30 kg/m2 que não tenham atingido o objetivo de perda de peso com medidas de intervenção de estilo de vida. Esta opção terapêutica é essencial para ajudar os doentes a manter o controlo sobre o seu peso. O outro tipo de tratamento, considerado de terceira linha, é a intervenção cirúrgica com a cirurgia bariátrica, indicado em doentes com IMC superior ou igual a 40 kg/m2 ou indivíduos com IMC superior ou igual a 35 kg/m2 com pelo menos uma comorbilidade.
Por fim, o último passo é o acompanhar o percurso do doente, uma vez que consultas regulares podem ter um impacto significativo no controlo do peso. Nesta fase, deve ser feita uma avaliação da evolução através do controlo do peso e valor de IMC. O profissional de saúde deve explicar ao doente que prevenir o reganho de peso é fundamental para o controlo do peso a longo prazo. É igualmente fundamental a realização de consultas regulares para apoiar o doente ao longo de todo o processo de perda e manutenção do peso.
Paula Freitas, Presidente da SPEO, defende que “este tipo de materiais são fundamentais no apoio aos profissionais de saúde no acompanhamento das pessoas com obesidade e são ferramentas muito úteis para que encontrem as melhores formas de gerir todo o processo de uma consulta de obesidade, com especial atenção à parte emocional. A obesidade é uma doença crónica particularmente sensível porque implica diretamente com a autoestima e o bem-estar do doente, por isso os médicos devem ter estes aspetos em consideração desde a abordagem inicial e durante o longo processo de acompanhamento. Por outro lado, é fundamental que os profissionais de saúde percam o receio de abordar o problema da obesidade em qualquer consulta e tentem acelerar o processo de diagnóstico e tratamento de uma forma holística e multidisciplinar”.
O guia estará acessível no espaço de exposição virtual da Novo Nordisk, no 24.º Congresso Português de Obesidade, e estará disponível para download posteriormente no site da SPEO.