“O impetigo atinge com frequência zonas expostas, pelo que tem impacto no relacionamento social do indivíduo”
Estima-se que o impetigo afeta cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo, no entanto, é pouco conhecida pela população em geral. Em entrevista ao Raio-X, Cristina Claro, dermatologista no Hospital Egas Moniz, fala sobre os sintomas, diagnóstico e tratamento, bem como do impacto desta patologia na qualidade de vida dos doentes, sendo que pode surgir na idade adulta, mas sobretudo em crianças entre os dois e os cinco anos.
O que é o impetigo?
O impetigo é uma infeção bacteriana superficial da pele, mais frequentemente observada em crianças, causada fundamentalmente por Staphylococcus aureus e , com menos frequência, por Streptococcus pyogenes, ou ambos os microorganismos.
Qual a prevalência desta doença?
O impetigo é a dermatose infecciosa mais prevalente na 1.ª infância. A prevalência global varia com a estação do ano e com o clima, sendo mais frequente em climas quentes e húmidos. A prevalência mundial foi estimada em mais de 140 milhões de casos em 2010. Não existem dados de prevalência em Portugal.
Quais os sintomas e manifestações?
Clinicamente consideram-se dois tipos de impetigo: o impetigo comum ou não bolhoso e o impetigo bolhoso. A forma não bolhosa é a mais comum e apresenta-se sob a forma de vesículas ou pústulas que rapidamente evoluem para erosões superficiais exsudativas cobertas por crostas tipicamente amareladas, designadas por crostas meliáceas. As lesões atingem habitualmente a face e as extremidades e são ,em geral, assintomáticas. Sintomas sistémicos são raros, embora possam estar presentes adenopatias regionais.
O impetigo bolhoso é causado exclusivamente por estirpes S. Aureus e caracteriza-se pela presença de bolhas grandes e flácidas que ao romper-se deixam erosões eritematosas superficiais que se localizam com mais frequência nas áreas intertriginosas.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, e pode ser confirmado pela identificação em laboratório do agente causal.
De que forma esta doença afeta a qualidade de vida das pessoas?
O impetigo atinge com frequência zonas expostas, pelo que tem impacto no relacionamento social do indivíduo afetado com os outros. Por outro lado, sendo uma doença de evicção escolar obrigatória, pela sua contagiosidade, obriga as crianças afetadas a faltar à escola com as respetivas consequências na dinâmica familiar.
Quais os tratamentos disponíveis?
O impetigo é geralmente tratável com medidas gerais de higiene e desinfeção e antibióticos tópicos. Os antibióticos tópicos mais utilizados são o ácido fusídico e a mupirocina, estando mais recentemente disponível uma quinolona tópica aprovada para o tratamento do impetigo, a ozenoxacina.
Os profissionais de saúde e a população em geral estão sensibilizados para esta patologia?
Os profissionais de saúde que mais contactam com esta patologia, nomeadamente os pediatras, os médicos de família e os dermatologistas estão familiarizados e sensibilizados. Quanto à população em geral, penso que apesar de ser uma infeção frequente, o impetigo é pouco conhecido.
Por Marisa Teixeira