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Rinite alérgica local: raro ou subdiagnosticado?

Rinite alérgica local: raro ou subdiagnosticado?

Graça Loureiro, imunoalergologista da ULS de Coimbra, partilhou, com o Raio-X, um artigo de opinião subordinado ao tema: “Rinite alérgica local: raro ou subdiagnosticado”.

A rinite alérgica (RA) é a doença alérgica mais prevalente, em qualquer grupo etário, e estima-se que atinge 30% da população. Outros fenótipos de rinite crónica foram recentemente descritos, designadamente a rinite alérgica local (RAL) e a rinite alérgica dual (RAD). A RAL caracteriza-se por sintomas nasais, com evolução perene ou sazonal, na ausência de atopia (testes cutâneos e IgE sérica negativos), não se enquadrando na clássica dicotomia RA versus Rinite não alérgica (RNA). A identificação de endótipo de inflamação T2, a resposta positiva a Prova de Provocação Nasal especifica com alergénios (PPNE) e a associação a outras comorbilidades alérgicas, fundamentam a existência desta entidade nosológica e a sua inclusão na classificação da Rinite.

No entanto a sua prevalência ainda é desconhecida. Numa revisão sistemática de 46 estudos, considerou-se que a RAL constituirá 26% da rinite. Estima-se que 47 a 66% dos doentes com diagnóstico prévio de RNA têm RAL, no entanto não está esclarecido o contributo de variações geográficas ou etárias. Considerando o reportado, tem sido descrita uma maior prevalência nos países Mediterrânicos, comparado com os países do Norte da Europa ou asiáticos. Em crianças, foi menos estudado, mas admite-se ser semelhante aos adultos. Adicionalmente, desconhece-se o impacto de outros factores como a idade, os critérios de inclusão, o(s) alergénio(s) testado(s) ou a metodologia diagnóstica. Outra limitação, é o tamanho das amostras, sendo necessários estudos mais alargados.

A RAL não constitui uma fase inicial de RA, nem está relacionada com NARES. É considerada um fenótipo distinto de alergia nasal, caracterizado por rinite grave persistente, induzida maioritariamente por D. pteronyssinsus, em mulheres jovens, não fumadoras. Constitui uma entidade nosológica individualizada, com agravamento progressivo dos sintomas e evolução para outras morbilidades alérgicas como conjuntivite e asma.

O algoritmo diagnóstico está bem definido, tanto em adultos como crianças, e deve ser considerado sempre que a apresentação clínica seja sugestiva de alergia, na ausência de atopia sistémica. Sugere-se que seja considerada em situações de rinite de difícil controlo, refratárias ao tratamento ou na presença de complicações (perturbações do sono, disfunção tubar, entre outras).

Os dados publicados apontam para que a RAL constitua uma indicação para Imunoterapia. Salienta-se a importância de realizar PPNE antes de assumir o diagnóstico de Rinite Não Alérgica, para evitar privar estes doentes de acesso a terapêutica específica.

Referências:

  1. Rondón, C.; Canto, G.; Blanca, M. Local allergic rhinitis: A new entity, characterization and further studies. Curr Opin Allergy Clin Immunol. 2010, 10, 1–7
  2. Papadopoulos N, Bernstein JA, Demoly P, et al. Phenotypes and endotypes of rhinitis and their impact on management: A PRACTALL report. Allergy 2015, 70, 474–494
  3. Eguiluz-Gracia I, Testera-Montes A, Rondon C. Medical algorithm: diagnosis and treatment of local allergic rhinitis. Allergy. 2021 Sep;76(9):2927-2930