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Radiografia na patologia reumática

Radiografia na patologia reumática

Na Medicina, e sobretudo na Reumatologia, o exame objetivo e a semiologia são os pilares do diagnóstico. No entanto, os métodos complementares de diagnóstico ocupam um papel cada vez mais importante na abordagem diagnóstica e terapêutica da patologia reumática, permitindo identificação mais precoce de alterações estruturais e melhorando o prognóstico.

A radiografia convencional é uma ferramenta fundamental no diagnóstico e acompanhamento das patologias reumáticas. Apesar dos avanços em técnicas de imagem mais sofisticadas, como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM), a radiografia permanece amplamente utilizada devido à sua acessibilidade, baixo custo e capacidade de fornecer informações importantes sobre as alterações ósseas e articulares. É um exame complementar de diagnóstico muito importante em Reumatologia, sendo um exame de primeira linha na investigação da maioria das artropatias inflamatórias crónicas. Tem demonstrado ser uma ferramenta essencial para suportar o diagnóstico, detetar precocemente alterações ósseas, como erosões e osteófitos, e também auxiliar no acompanhamento da progressão da doença e resposta à terapêutica. No entanto, possui algumas limitações, como a baixa sensibilidade para alterações iniciais da cartilagem e inflamação dos tecidos moles, que são melhor visualizadas por outras modalidades, como ecografia músculo-esquelética.

A análise de uma radiografia inicia-se na seleção das articulações a radiografar e nas incidências de interesse, aspetos que permitirão potenciar as capacidades do exame. O médico assistente tem um papel facilitado na apreciação da radiografia pelo facto de conhecer as características clínicas do doente, aspetos a que muitas vezes o Radiologista não tem acesso. Como tal, é importante que visualize das imagens do seu doente e as avalie à luz do quadro clínico do mesmo, tirando as suas próprias conclusões.

A interpretação de uma radiografia deve ser realizada de forma sequencial, com análise de ossos, articulações, tecidos moles e alinhamento ósseo. A metodologia “ABCDE da radiografia do osso” permite sistematizar a avaliação e interpretação da radiografia, contemplando os seguintes aspetos: Alinhamento ósseo (A), Bordo ósseo (B), Calcificação e Cartilagem (C), Deformidades e Densidade (D) e Everything else (E). Este esquema pode ser usado em todas as radiografias ósseas e em todas as regiões corporais, garantindo a avaliação sequencial das várias estruturas e uma melhor sistematização desta avaliação.

A radiografia convencional continua a ser uma ferramenta inestimável na prática clínica diária. O seu papel como um exame de primeira linha permanece relevante, especialmente quando combinada com a avaliação clínica e outros métodos diagnósticos mais sensíveis, quando necessário.

Laura Gago

Ana Catarina Moniz

Reumatologistas, ULS de Lisboa Ocidental