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Não convide as hemorroidas para as festas dos Santos Populares

Não convide as hemorroidas para as festas dos Santos Populares

São incómodas, dolorosas e têm um impacto na qualidade de vida de quem as tem, desejando, por isso mesmo, estar livres delas nesta época de festas dos Santos Populares que se aproxima. Falamos das hemorroidas, convidadas indesejadas que, em todo o mundo, afetam 50% a 85% da população.1

Confirma-se que esta altura pode ser particularmente desafiante para quem sofre de Doença Hemorroidária, sobretudo devido ao consumo de álcool. Aqui, explica Vanessa da Costa Bettencourt, médica especialista em Cirurgia Geral, “o mais importante é termos um estilo de vida saudável, pelo que há que ter atenção reforçada ao que comemos e bebemos”.  

E o que é que isto significa? “A ingestão adequada de líquidos desempenha um papel essencial na prevenção da obstipação e na manutenção de hábitos intestinais saudáveis. Estudos indicam que o consumo diário de aproximadamente 2,5 litros de líquidos pode contribuir para a regularidade intestinal, favorecendo a hidratação das fezes e facilitando sua passagem pelo trato digestivo. Além da água, outras bebidas como chás, sumos diluídos e soluções ricas em eletrólitos também são benéficas, pois contêm sais minerais que auxiliam na retenção de água pelas fezes, promovendo um trânsito intestinal mais eficiente.2

No que diz respeito à alimentação, sabemos que os petiscos tradicionais desta época festiva podem ser uma tentação, mas há que contrabalançar o seu consumo com o de alimentos ricos em fibra.

A especialista explica que, segundo a investigação existente, “a ingestão diária de fibras deve situar-se entre 25 e 30 gramas, proveniente de alimentos naturalmente ricos em fibras. Classificamos as fibras alimentares em dois tipos principais: fibras solúveis, que se dissolvem na água, formando um gel que contribui para a suavização das fezes e facilita a sua passagem pelo intestino. Fontes alimentares compostas por esta fibra incluem-se os farelos de aveia e cevada, leguminosas e diversas frutas, com destaque para a ameixa, que além de ser rica em fibras contém sorbitol, um laxante natural de efeito osmótico, capaz de atrair água para o intestino, promovendo a hidratação e o amolecimento das fezes. Adicionalmente, a ameixa é fonte de compostos bioativos que auxiliam na saúde digestiva. Depois existem as fibras insolúveis, que não se dissolvem em água e desempenham um papel essencial no aumento do volume fecal, estimulando o trânsito intestinal e prevenindo a obstipação. São encontradas em grãos integrais, vegetais de folhas verdes, sementes e cascas de frutas. Além da ingestão adequada de fibras, o consumo de iogurtes contendo probióticos, como Lactobacillus e Bifidobacterium, pode contribuir para o equilíbrio da microbiota intestinal, promovendo um trânsito intestinal mais regular e eficiente”. 3,4,5,6 

Alguns dos responsáveis pela Doença Hemorroidária são a obstipação, demasiado esforço durante a defecação e pressão na zona pélvica, fatores hormonais (gravidez e parto), obesidade, envelhecimento dos tecidos e hereditariedade, aos quais se juntam a ingestão excessiva de alimentos picantes e de álcool, responsáveis por causar irritação do intestino e agravar os sintomas desta patologia.

Além destes conselhos, a mudança de atitude perante a Doença Hemorroidária pode ser também importante. “Este é um assunto tabu, primeiro porque é pouco falado e também devido à sua localização.” Há, por isso, que desmistificar e “tentar normalizar a necessidade de fazer um exame perianal. Porque a partir deste exame conseguimos fazer um diagnóstico, perceber que sintomas estão relacionados ou não com a Doença Hemorroidária e, desta forma, mudar hábitos. E a partir do momento em que mudarmos os hábitos, evitamos a evolução da doença e a necessidade de uma abordagem cirúrgica ou mais invasiva”, afirma a especialista.

Existem, refere a médica, “quatro graus de Doença Hemorroidária: a de grau 1 e grau 2 é caracterizada por sintomas ligeiros, neste caso por comichão, corrimento anal e sangramento, que conseguimos controlar com o tratamento conservador. Se não houver um diagnóstico atempado, infelizmente, a doença pode evoluir para graus mais avançados, como o grau 3 e 4. Portanto, deve deixar de ser um assunto tabu, para ser possível identificar o grau da doença, evitando a evolução para graus mais avançados”. 

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