Sociedade Portuguesa de Oncologia apresenta Programa Nacional de Genética e Cancro
O Grupo de Trabalho dedicado ao Cancro Hereditário, da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), apresenta o Programa Nacional de Genética e Cancro (PROGO), na mesma altura em que promovem o lançamento de um portal informativo e educativo do cancro hereditário em Portugal.
O PROGO tem como principal objetivo uniformizar a prática clínica do diagnóstico genético de forma a garantir a universalidade dos cuidados a doentes e a portadores de síndromes hereditários de cancro.
Nos próximos anos, o PROGO será desenvolvido em várias vertentes: a uniformização de prática clínica através da publicação dos Requisitos Mínimos para teste genético em 2021 e de linhas orientadoras de atuação para cada síndrome hereditário, o Programa Educacional dirigido a médicos não geneticistas (e-learning) de modo a reforçar competências específicas; a disponibilização de informação a doentes e familiares com o intuito de aumentar a literacia da população em síndromes de predisposição familiar para o cancro e potenciar a capacidade de participação dos utentes no seu processo terapêutico, a proposta de circuitos de referenciação que assegurem todas as etapas de assistência aos portadores de síndromes hereditários de cancro.
Este programa visa ainda a criação de uma estrutura nacional necessária para uma organização em rede, permitindo uma melhor integração de Portugal na Rede de Referenciação Europeia. “Estamos a trabalhar em articulação com a Rede Europeia de Referência sobre Síndromes Genéticos ligados ao cancro (ERN-GENTURIS), e este portal servirá como plataforma para a divulgação das guidelines mais recentes, incluíndo as desenvolvidas e aceites a nível Europeu” explica a coordenadora nacional da Rede Europeia de Referenciação, Carla Oliveira, Investigadora no I3s e elemento deste grupo de trabalho.
Outro importante objetivo é o incentivo à investigação na àrea do Cancro Hereditário, pelo que foi criado um prémio anual de 25.000 euros, que premiará um projeto de investigação em cada ano. O vencedor será anunciado no Congresso Anual da Sociedade Portuguesa de Oncologia, em novembro.
“Dada a crescente importância do cancro hereditário no dia a dia de doentes e famílias, entendemos que se impunha a necessidade de definirmos padrões clínicos e uniformizar práticas ao nível da referenciação, diagnóstico e abordagem profilática! Queremos melhorar a prática clínica oferecendo a todos os doentes oncológicos com critérios para diagnóstico genético, este mesmo diagnóstico, definindo circuitos na abordagem de doentes e portadores assintomáticos e contribuir para a literacia facilitando o acesso à informação para a toda a população”, afirma Gabriela Sousa, coordenadora do Grupo de Trabalho dedicado ao Cancro Hereditário.
“O teste genético poderá dar importante informação sobre a causa do cancro com impacto na decisão do tratamento e também ajudar os familiares saudáveis de doentes com cancro, sobretudo na estimativa do risco de poder vir a ter doença e na oportunidade de decidir medidas redutoras de risco”, explicou a médica oncologista.
Criado em 2019, o Grupo de Trabalho dedicado ao Cancro Hereditário tem foco em quatro das principais síndromes hereditárias de cancro, sendo elas: síndrome hereditário de cancro da mama/ovário (HBOC), síndrome hereditário de cancro colorretal não polipoide (Síndrome de Lynch), cancro gástrico difuso hereditário (HDGC) e síndrome de Li-Fraumeni. O Grupo de Trabalho reúne peritos nacionais e representantes de várias Sociedades Científicas, representante da Rede Europeia (ERN-GENTURIS), bem como representantes de doentes e suas famílias (EVITA).