Encontro Renal 2023 | 16 a 18 de novembro | Especialistas debatem desenvolvimentos na doença renal
A cidade do Porto vai receber, entre os dias 16 e 18 de novembro, o Encontro Renal 2023. O evento, que é, simultaneamente, o XXXVII Congresso Português de Nefrologia, o XV Congresso Luso Brasileiro de Nefrologia e o XXXVI Congresso da APEDT – Associação Portuguesa de Enfermeiros de Diálise e Transplantação vai decorrer no Hotel Porto Palácio.
Para José António Lopes, diretor do Serviço de Nefrologia e Transplantação Renal do Hospital de Santa Maria e presidente do Congresso, o programa definido “é bastante diversificado, pelo que acreditamos que vai ser do agrado dos participantes. Foi considerado, em cada um dos momentos, o que de mais relevante vai sendo feito no dia-a-dia na prática nefrológica, mesmo em termos mundiais”.
O nefrologista diz não se atrever a falar em hot topics, “uma vez que todos os temas escolhidos são muito importantes, com facetas muito diferentes entre eles e todos muito apelativos. Começando pela conferência inaugural que, este ano, vai contar com a presença de alguém com reconhecido impacto social: Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto”.
A doença renal crónica e a diálise domiciliária vão também ser tema neste evento com um foco no empoderamento que deve ser dado ao doente para a realização de diálise a nível domiciliário, seja diálise peritoneal ou hemodiálise. Neste âmbito, “focaremos também o papel importante que o exercício físico tem atualmente na modelação quantitativa e qualitativa do doente renal crónico”, refere o presidente do congresso.
Uma área que está em investigação e que “curiosamente, nos últimos tempos, foram publicados alguns artigos bastante importantes e que são promissores” é a da transplantação renal. Nesta temática, vai realizar-se uma mesa redonda onde serão abordadas as estratégias que podem surgir para melhorar a atividade funcional renal e também que podem resolver a escassez de órgãos relativamente ao grande número de doentes que necessitam de transplante: a xenotransplantação.
A inteligência artificial, que tem uma aplicação cada vez mais extensa na Medicina, vai ser igualmente o mote para uma mesa-redonda, particularmente a sua aplicação na Nefrologia onde, de acordo com José António Lopes, “provavelmente será, num futuro não muito distante, uma forte arma que nos possibilitará um diagnóstico mais precoce e até uma terapêutica mais adequada e mais eficaz”.
A primeira mesa-redonda do segundo dia do congresso vai ser dedicada à imunonefrologia e aqui vão ser apresentados os dados referentes ao registo português das vasculites – uma parceria entre a Nefrologia e Reumatologia. “Contaremos também com a participação do Professor Alan Salama, uma referência no campo das vasculites, não só em termos de investigação, como no domínio da prática clínica”, acrescenta o especialista.
Também no segundo dia haverá espaço para o debate numa área que, para o presidente do congresso, está em “forte disseminação e implantação na Nefrologia: a genética. E aqui falaremos da importância da genética aplicada à Nefrologia e também de quais as áreas terapêuticas que nós podemos ter para o tratamento das doenças genéticas nefrológicas, com as limitações, vantagens que poderão existir”.
Com uma forte implementação no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, a nefro-obstetrícia vai estar igualmente em discussão, concretamente os aspetos conceptuais, teóricos e práticos da Nefrologia no campo da Obstetrícia e também a exposição de casos de diagnóstico desafiante neste domínio.
A única sessão realizada por vídeo conferência é a mesa redonda GlomCon – iniciativa internacional que visa promover a educação médica e a investigação colaborativa na área da Nefrologia e que foi implementada no nosso país pela nefrologista Joana Gameiro, que será uma das moderadoras. Contará também com a presença de dois palestrantes internacionais de renome e que vão abordar alguns aspetos e particularidades de algumas patologias glomerulares mais específicas.
Resultado da colaboração com a Medicina Geral e Familiar, vai decorrer, no último dia do Encontro Renal 2023, uma sessão dedicada à discussão da microalbuminúria no diagnóstico precoce da doença renal crónica e que se vai focar no que falta para um diagnóstico precoce e referenciação atempada desta doença pelos cuidados de saúde primários. Para José António Lopes “esta interação entre as duas especialidades é muito importante nos dias que correm sendo fundamental para o manejo do doente renal”.
“Nefrologia: que futuro?” é o tema da última mesa-redonda do evento e surge porque, de acordo com o presidente do congresso, esta especialidade tem sido menos apetecível para os jovens. Algo tem que mudar e são essas estratégias e mecanismos que serão abordados”. Esta sessão contará com a presença de Emilio Sánchez (Presidente da Sociedade Espanhola de Nefrologia), Roser Torra (Presidente da ERA – European Renal Association) e José Moura Neto (Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia) e com a moderação de Edgar Almeida (Presidente da Sociedade Portugal de Nefrologia) e Joana Tavares (representante portuguesa da Young Nephrologists’ Platform).
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