Saúde Digital – Desenvolvimento de Soluções com o Node-RED | Entrevista com Ricardo Queirós
Num mundo em constante transformação da saúde digital, surge uma obra que promete desmistificar conceitos e oferecer ferramentas práticas para o desenvolvimento de soluções inovadoras: “Saúde Digital – Desenvolvimento de Soluções com o Node-RED”, de Ricardo Queirós. Este livro explora a evolução da saúde digital e os seus principais domínios e mergulha no universo da saúde móvel, abordando temas como nutrição, fitness, saúde mental e gestão de medicamentos.
Nesta entrevista ao Raio-X, Ricardo Queirós, autor da obra e docente na Escola Superior de Saúde do Porto, partilha a sua motivação para escrever o livro, o impacto das tecnologias emergentes no setor da saúde, e de que forma é que as ferramentas como o Node-RED podem capacitar profissionais e estudantes a criar soluções acessíveis e eficazes. Com uma abordagem prática e inclusiva, este guia essencial promete transformar o modo como entendemos e aplicamos a saúde digital, tornando-a mais acessível e adaptada às necessidades atuais.
Raio-X (RX): O que o motivou a escrever o livro “Saúde Digital – Desenvolvimento de Soluções com o Node-RED”?
Ricardo Queirós (RQ): Em primeiro lugar, o meu gosto pela escrita. Além disso, há cerca de dois anos iniciei uma colaboração com a Escola Superior de Saúde do Porto (E2S), do Politécnico do Porto, onde comecei a lecionar uma disciplina focada na introdução à programação aplicada à saúde digital. Este desafio foi o ponto de partida para explorar a convergência entre tecnologia e saúde, motivando-me a escrever este livro. O meu principal objetivo foi criar um guia prático que capacite profissionais e estudantes a desenvolverem soluções acessíveis e eficazes, recorrendo ao Node-RED, uma ferramenta visual que simplifica a implementação de tecnologias na área da saúde.
RX: Qual o público-alvo?
RQ: O livro destina-se a profissionais de saúde, investigadores e estudantes interessados em saúde digital, bem como a entusiastas, empreendedores e autodidatas que desejem explorar e aplicar tecnologias low-code no desenvolvimento de soluções inovadoras, acessíveis e inclusivas para os desafios do setor da saúde.
RX: Como é que o conceito de saúde digital evoluiu ao longo do tempo, e de que forma isso influenciou a estrutura do seu livro?
RQ: O conceito de saúde digital tem evoluído ao longo das últimas décadas. Inicialmente, focava-se na digitalização de registos de saúde e na gestão básica de dados clínicos. Com os avanços tecnológicos, passou a abranger soluções inteligentes suportadas por inteligência artificial, Internet das Coisas (IoT) e tecnologias móveis. Hoje, a saúde digital integra sistemas complexos que conectam dispositivos, promovem a personalização dos cuidados e facilitam a monitorização em tempo real. Essa evolução influenciou a estrutura do meu livro. Começo por introduzir os fundamentos da saúde digital, ajudando os leitores a compreenderem os seus conceitos-chave. A partir daí, apresento exemplos práticos e exploro tecnologias emergentes, como a IoT. O objetivo é oferecer uma visão holística e prática, alinhada às necessidades atuais e às oportunidades futuras deste campo em constante transformação.
RX: De que forma o livro pode ajudar profissionais da área da saúde, investigadores e estudantes a entenderem e aplicarem soluções de saúde digital no seu dia a dia?
RQ: O livro oferece exemplos práticos e acessíveis que capacitam os leitores a implementar soluções de saúde digital de forma rápida e eficaz. Nele aprendem a desenvolver aplicações interativas, integrar serviços e otimizar processos, usando tecnologias como o Node-RED. Além disso, promove subtilmente o desenvolvimento do pensamento crítico e a estruturação de ideias, incentivando uma abordagem criativa e autónoma aos desafios do setor.
RX: O que torna o Node-RED uma ferramenta única e eficaz para o desenvolvimento de soluções de saúde digital?
RQ: O Node-RED destaca-se como uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento de soluções de saúde digital devido à sua abordagem visual low-code, que permite a criação de soluções personalizadas de forma intuitiva, mesmo para quem tem pouca experiência técnica. APIs e sensores são amplamente usados na área da saúde, desde a monitorização de doentes até à integração de dispositivos médicos. O Node-RED, com a sua capacidade de conectar APIs, sensores e bases de dados de forma rápida e simples, torna-se ideal para prototipar soluções nesta área. Sendo gratuito e suportado por uma comunidade global ativa, é uma escolha acessível para inovar na saúde digital.
RX: Como é que a integração de soluções de saúde digital pode transformar a experiência do doente e o trabalho dos profissionais de saúde?
RQ: A integração de soluções de saúde digital facilita o acesso a cuidados personalizados, otimiza o diagnóstico e promove a monitorização contínua dos doentes. Estas soluções permitem aos profissionais de saúde melhorar a gestão de dados, tomar decisões mais informadas e reduzir significativamente o tempo dedicado a tarefas administrativas. Como resultado, a experiência do doente é melhorada e os recursos de saúde são usados de forma mais eficiente, contribuindo para um sistema de saúde mais ágil e centrado nas necessidades das pessoas.
RX: Defina o conceito de saúde móvel – mHealth.
RQ: A saúde móvel (mHealth) refere-se ao uso de dispositivos móveis e apps para monitorizar, diagnosticar, prevenir e gerir cuidados de saúde, promovendo acesso rápido e personalizado a informações e serviços.
RX: Quais são, para si, os maiores desafios na implementação da saúde móvel, especialmente em áreas como nutrição, fitness e saúde mental?
RQ: São vários os desafios, especialmente em áreas como nutrição, fitness e saúde mental. A privacidade de dados é uma preocupação central, uma vez que as aplicações recolhem informações sensíveis que devem ser protegidas contra acessos não autorizados. A adesão dos utilizadores também representa um obstáculo, já que a eficácia destas soluções depende do uso contínuo e correto por parte dos doentes. A interoperabilidade das soluções é outro desafio significativo, pois é essencial que as aplicações possam integrar-se com outros sistemas de saúde para garantir um fluxo de informação consistente. Além disso, é crucial assegurar que estas aplicações sejam baseadas em evidências científicas, evitando promessas infundadas, e que sejam acessíveis a uma ampla diversidade de utilizadores, incluindo pessoas com necessidades especiais para garantir uma verdadeira inclusão digital.
RX: Quais são os benefícios de usar aplicativos móveis no acompanhamento da saúde e na gestão de doenças crónicas?
RQ: Haveria muitos benefícios a serem destacados, mas, acima de tudo, permitem a monitorização contínua, promovem a adesão ao tratamento, oferecem alertas personalizados e melhoram a comunicação entre doentes e profissionais, contribuindo para melhores resultados de saúde.
RX: O seu livro procura desmistificar o conceito de saúde digital. Quais são os principais mitos sobre saúde digital que gostaria de esclarecer para o público?
RQ: Um dos principais mitos que gostaria de esclarecer é a ideia de que a saúde digital é algo complicado, caro e exclusivo para especialistas. Na realidade, a saúde digital é mais acessível do que muitos pensam. Com o avanço das ferramentas low-code, como o Node-RED, qualquer pessoa, mesmo sem uma formação técnica, pode criar soluções inovadoras.
RX: Porque é que os leitores não podem perder este livro?
RQ: Trata-se de um guia essencial para quem quer entender e aplicar saúde digital de forma prática, com exemplos reais, soluções criativas e uma abordagem acessível para todos os níveis de conhecimento.