A inteligência artificial na luta contra o cancro do cólon e reto

A propósito do Dia Mundial da Saúde Digestiva, assinalado a 29 de maio, Alexandre Ferreira, gastroenterologista no Hospital Beatriz Ângelo, partilhou um artigo de sua autoria com o Raio-X, em que aborda o papel da inteligência artificial na colonoscopia e na redução do risco de cancro do cólon e reto.

O Cancro do Cólon e do Reto (CCR) é o mais frequentemente diagnosticado em Portugal, havendo mais de 10.000 novos casos por ano, sendo também um dos piores cancros em termos de mortalidade. Tudo isto apesar da existência de um rastreio (por colonoscopia), que permite reduzir não só a mortalidade, mas também a sua incidência através da identificação e remoção de lesões (pólipos) pré-malignas.

No entanto, tem-se verificado um aumento do número de novos casos de forma consistente ao longo dos anos. No sentido de inverter essa tendência, temos que reforçar a promoção do acesso ao rastreio por colonoscopia e incentivar a adesão por parte da população.

Para além destes fatores, existe evidência de que a qualidade da colonoscopia tem uma grande importância. A qualidade corresponde à eficácia na deteção de lesões, uma vez que a colonoscopia não é 100% eficaz. Ao longo das últimas duas décadas, foram desenvolvidas estratégias para aumentar essa capacidade de deteção, sendo a principal medida de qualidade em colonoscopia a taxa de deteção de adenomas. Esta corresponde à proporção de colonoscopias em que detetamos pelo menos um adenoma (principal lesão precursora de CCR). Estima-se que por cada 1% de aumento na capacidade de deteção de adenomas durante a colonoscopia estejamos a reduzir o risco futuro de cancro em 3%.

Recentemente, com o desenvolvimento exponencial da Inteligência Artificial, a sua aplicação na Saúde tem tido uma importância crescente. No caso específico da colonoscopia, foram desenvolvidos vários equipamentos capazes de identificar e caracterizar as lesões do cólon com elevada eficácia durante uma colonoscopia de rotina. A utilização destes sistemas revelou, em contexto de ensaio clínico, um aumento significativo na deteção de lesões pré-malignas, sem riscos para o doente. Esses resultados foram confirmados em meta-análises, agregando os vários equipamentos já estudados em ensaios randomizados.

Esta tecnologia já está a ser comercializada e irá entrar em breve nas Unidades de Endoscopia nacionais. Na prática, é como se um segundo observador treinado estivesse ao lado do Endoscopista enquanto este realiza a colonoscopia, ajudando-o a identificar o maior número possível de lesões, de forma a reduzir o impacto do cancro do cólon e reto.

 

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