Artrite reumatoide: Diagnóstico e tratamento precoce é fundamental

A propósito do Dia Mundial do Doente com Artrite Reumatoide, que se assinalou ontem, desafiámos Cátia Duarte, reumatologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e membro da direção da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, a partilhar com o Raio-X um artigo focado nesta patologia.

“A artrite reumatoide (AR) é uma doença crónica, inflamatória, sistémica, que afeta as articulações, podendo conduzir à destruição do tecido articular e periarticular.

Sendo a forma de artrite mais comum, estima-se que a sua prevalência nos países ocidentais seja de 0,5-1,5%. Em Portugal, de acordo com o estudo EpiReumaPt, afeta 0,7% da população adulta. Apesar de a AR poder afetar qualquer pessoa, as mulheres são mais frequentemente afetadas (3:1), sendo o pico de incidência entre os 30 e os 50 anos.

A causa da AR permanece ainda desconhecida, admitindo-se uma etiologia multifatorial.   Tratando-se de uma doença autoimune, caracteriza-se por uma desregulação do sistema imunitário, levando a que este ataque de forma indevida estruturas saudáveis do nosso organismo, como a sinovial. Os mecanismos que desencadeiam este processo são ainda desconhecidos. Determinados fatores genéticos podem aumentar a probabilidade de uma pessoa vir a ter a doença.  Fatores ambientais como o tabagismo também têm disso apontados.

A AR é uma doença que afeta essencialmente as articulações, manifestando-se por dor e rigidez articular prolongada, mais intensas de manhã, acompanhadas de aumento de temperatura e tumefação das articulações. Apesar de qualquer articulação poder ser afetada, tende a afetar sobretudo as mãos e os pés, frequentemente de forma simétrica.

Outras manifestações como fadiga, falta de apetite, emagrecimento, febre baixa ou envolvendo outros órgãos como o pulmão, a pele ou os olhos podem surgir.

Trata-se de uma doença crónica, que pode ocorrer com períodos de exacerbação. Com a persistência da inflamação, pode ocorrer destruição articular levando ao aparecimento de articulações deformadas e destruídas.

O diagnóstico é essencialmente clínico. Não existe nenhum exame que isoladamente permita fazer o diagnóstico da doença.

Frequentemente os marcadores de inflamação (Velocidade de Sedimentação e Proteína C-Reativa), ainda que inespecíficos, tendem a estar aumentados. O Fator Reumatóide (FR) é positivo em 60 a 70% dos doentes com AR. No entanto, a presença de FR não implica necessariamente que um doente tenha AR. Um anticorpo mais recentemente reconhecido, denominado anti-citrulina (anti-CCP), parece ser um indicador mais específico.

A radiografia pode ser útil no diagnóstico, contudo salienta-se que nas fases iniciais é frequentemente normal. A ecografia também tem vindo a ser cada vez mais utilizada quer para o diagnóstico quer na monitorização da doença.

Não existe até à data cura para a AR, contudo o seu tratamento mudou dramaticamente nas últimas décadas. O tratamento deve ser individualizado e realizado de uma forma multidisciplinar. O tratamento farmacológico com fármacos modificadores da doença (DMARD´s) deve ser instituído o mais precocemente possível e baseado numa estratégia “Treat to Target” em que o objetivo é atingir a remissão da doença e evitar a sua progressão, contribuindo para uma melhoria funcional e da qualidade de vida do doente.

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A identificação e referenciação precoce destes doentes para Consulta de Reumatologia é fundamental para o diagnóstico precoce e a introdução de terapêutica adequada melhorando o seu prognóstico”

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