O papel do patologista clínico na investigação da anemia e ferropénia

Realizado pelo Anemia Working Group Portugal, o estudo EMPIRE, que traçou o cenário da anemia em Portugal continental, confirma que este é um problema de saúde pública: 20% dos portugueses em idade adulta apresentam anemia; destes, 84% desconhecem que a têm e, em mais de 50% dos casos, a deficiência de ferro é a responsável. Filipa Paramés, embaixadora da anemia da Sociedade Portuguesa de Patologia Clínica (SPPC), salienta estes dados e realça “a falta de consciencialização dos profissionais de saúde”. De acordo com a especialista, “não basta apenas diagnosticar a anemia. Os cuidados de saúde devem procurar prevenir a doença e preservar a saúde. Se diagnosticarmos e tratarmos a ferropénia, conseguimos prevenir a evolução para a anemia”.

No entanto, esta deficiência de ferro nem sempre é valorizada e Filipa Paramés sabe disso. “Enquanto patologistas clínicos, seguimos doentes não apenas num momento, mas ao longo de vários períodos das suas vidas e percebemos que são solicitados os parâmetros adequados para fazer diagnóstico da ferropénia”, confirma. Mas, com o passar do tempo, “assistimos a um agravamento como se esta tivesse passado despercebida. O diagnóstico que podia ter sido feito previamente, só é realizado numa fase mais avançada da doença, já com o aparecimento da anemia.”

Corrigir a ferropénia ou anemia é possível, existindo várias apresentações da terapêutica oral que é, segundo a especialista, “sempre longa. E há situações em que os doentes são intolerantes à terapêutica oral”. Para estes, existem alternativas, em forma endovenosa, “que se destinam maioritariamente a doentes portadores de doenças crónicas inflamatórias, como doenças renais ou doenças inflamatórias intestinais”.

Mas seja qual for a situação, o diagnóstico atempado e consequente correção são tão importantes como a investigação da etiologia da mesma. “Existem sub-grupos importantes, como as crianças em desenvolvimento ou as grávidas, que apresentam necessidades aumentadas”, refere Filipa Paramés.

No laboratório, a definição de uma anemia tem por base parâmetros do hemograma, como a hemoglobina e outros, associados à avaliação do próprio eritrócito, como o volume globular médio, a hemoglobina globular média, a hemoglobina corpuscular e o RDW. Filipa Paramés explica que “uma anemia pode ser causada por défices (de ferro, de vitamina B12, de ácido fólico, por exemplo) ou pode ser hereditária, surgindo como consequência de outras doenças”. No entanto, em 50% dos casos é a deficiência de ferro que é responsável, podendo “ser rastreada através de parâmetros laboratoriais como o hemograma, os reticulócitos, a ferritina e a saturação da transferrina”.

O papel do patologista clínico é aqui importante, cabendo-lhe ser “ativo na investigação contínua da anemia ou ferropénia”, sendo essencial “estar atentos e ser capazes de reconhecer este problema numa fase precoce e adequada, daí a importância de existir uma uniformização de critérios e conhecimentos”.

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