“Optometristas a darem consultas não faz qualquer sentido e constitui um perigo para a saúde dos portugueses”

A COESO, a maior rede nacional de médicos oftalmologistas, já tem uma app gratuita (também denominada COESO) para ajudar os portugueses a conseguir uma consulta de Oftalmologia e reduzir listas de espera.  Através da aplicação é possível aceder ao perfil de vários médicos e verificar os consultórios mais próximos da zona em que o utente se encontra. Ao Raio-X, Fernando Falcão Reis, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), falou sobre esta nova app e outros tópicos de interesse, como a importância de não confundir as áreas de atuação dos oftalmologistas, ortoptistas e optometristas.

Raio-X (RX) – O que é a rede COESO?

Fernando Falcão Reis (FFR) – A COESO é uma associação de oftalmologistas que exercem como profissionais liberais, criada pela SPO. A COESO distingue-se da SPO porque é uma associação orientada para a defesa da profissão. Para aderirem, os médicos têm de ser sócios da SPO no pleno uso dos seus direitos.

RX – Afirmou recentemente que “um outro objetivo da COESO é indicar que quem trata da visão são os médicos oftalmologistas e não os técnicos de optometria, autointitulados especialistas da visão”. Este é um desafio no âmbito da saúde ocular dos portugueses?

FFR – Os optometristas são técnicos de ótica ocular formados em escolas superiores de física. Não há cursos de optometria em escolas superiores de saúde. As escolas superiores de saúde formam ortoptistas. Embora as duas profissões sejam frequentemente confundidas pela população em geral, e mesmo até por algumas autoridades de saúde, são profissões completamente diferentes. Diferentes na formação e diferentes nos fins para que foram criadas. O ortoptista existe para apoiar o médico oftalmologista na realização dos vários exames complementares de diagnóstico. São técnicos treinados para lidar com doentes e têm uma longa tradição de convivência, mutuamente proveitosa, com os médicos. O optometrista surge em Portugal para apoiar a atividade comercial das casas de ótica. Tal como as farmácias são obrigadas a ter um diretor técnico, os estabelecimentos de ótica deveriam ser obrigados a ter um optometrista responsável. Optometristas, “especialistas da visão”, a darem consultas não faz qualquer sentido e constitui um perigo para a saúde dos portugueses.

RX – Quais as expectativas que têm em termos da utilização da nova app COESO?

FFR – Prevemos que a app COESO possa até ao fim do corrente ano atingir um número de médicos em redor dos 100. Ao mesmo tempo, esperamos que a marca COESO passe a ser reconhecida pelas pessoas. O objetivo é fazer com que as pessoas possam encontrar o seu oftalmologista, ou, no caso de não terem oftalmologista, possam escolher um perto da sua residência através da geolocalização disponibilizada. O utente saberá que vai ser consultado por um médico, não por um “especialista da visão”, e também saberá quanto vai pagar pela consulta, e tomar conhecimento das convenções e acordos que o médico possa ter.

RX – Além desta app, a COESO tem mais alguma iniciativa programada com o intuito de contribuir para dar resposta ao problema da falta de acessibilidade a consultas de oftalmologia dentro e fora do universo do Serviço Nacional de Saúde (SNS)?

FFR – A COESO ambiciona ter dimensão nacional. Isto é, ter consultórios aderentes em número suficiente para uma efetiva cobertura do país. Quando tal acontecer estaremos em condições de propor ao Ministério da Saúde um acordo que permita o acesso dos utentes do SNS à rede COESO mediante o pagamento de uma verba a estabelecer. O Ministério da Saúde tem muito a ganhar com uma eventual parceria com a COESO, uma vez que o grande problema da assistência oftalmológica em Portugal reside na ausência, nos cuidados primários de saúde, de consultas de Oftalmologia. A rede COESO pode suprir essa falta oferecendo uma consulta de proximidade, evitando deslocações, por vezes longas, a um hospital. E não estamos a falar apenas de receitar óculos, mas também de efetuar uma efetiva triagem pré-hospitalar e proporcionar o seguimento médico após alta hospitalar sempre que a situação clínica assim o exija.

Por Marisa Teixeira

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