Papel da Radiologia de Intervenção

Neste mês de novembro, dia 8, assinalou-se o Dia Mundial da Radiologia. A este propósito, o radiologista Paulo Donato partilhou com o Raio-X um artigo em que aborda esta especialidade, com enfoque na Radiologia de Intervenção.

A Radiologia de Intervenção compreende um vasto conjunto de técnicas orientadas por métodos de imagem (radioscopia; ecografia; tomografia computorizada; ressonância magnética) para biópsia ou terapêutica dirigida a um alvo preciso.

Na sua grande maioria são alternativas, minimamente invasivas, à cirurgia, implicando em regra um menor tempo de hospitalização e menor desconforto para o doente.

Há dois grandes grupos de técnicas de intervenção efetuadas pela Radiologia: o grupo da intervenção não vascular, onde se incluem as biópsias, as drenagens, as colangiografias percutâneas, as ostomias e as ablações tumorais; e, o grupo da intervenção vascular onde se incluem todos os procedimentos arteriais e venosos quer sejam de desobstrução de vasos, redução de estenoses ou pelo contrário de embolização e redução do fluxo sanguíneo.

Nas últimas décadas têm surgido múltiplos tratamentos de terapêutica endovascular, a grande maioria com uma aceitação e divulgação progressivas, em muitos casos substituindo gestos cirúrgicos mais agressivos.

Foi em 1953 que Seldinger publicou um novo método de introduzir cateteres no sistema vascular, tornando a angiografia diagnóstica menos invasiva e abrindo caminho para o desenvolvimento dos procedimentos de intervenção endovascular. Cerca de dez anos mais tarde, em 1964, Charles Dotter publica os resultados das primeiras angioplastias femorais efetuadas através do acesso vascular de Seldinger.

Desde então múltiplas técnicas têm sido descritas e uma vasta variedade de materiais desenvolvidos, possibilitando diversas aplicações clínicas da radiologia endovascular. Atualmente nos centros onde se faz Radiologia de Intervenção é possível por via endovascular controlar hemorragias (digestivas, hemoptises, músculo-esqueléticas), desobstruir precocemente a trombose (na isquemia do mesentério, na isquemia dos membros, na tromboembolia pulmonar), dilatar vasos centrais (tratando o síndrome da veia cava superior), excluir aneurismas com stents cobertos, fazer novas comunicações entre o sistema venoso sistémico e o portal (diminuindo a pressão na veia porta e controlando hemorragias na cirrose), embolizar a veia espermática (tratando o varicocelo), embolizar as artérias uterinas ou as prostáticas possibilitando o controlo dimensional e sintomático dos fibromiomas e da hiperplasia da próstata, respetivamente.

Hoje são tantas as ferramentas disponíveis em Radiologia de Intervenção que surgiram “novos agrupamentos” em áreas da Medicina. É comum referirmo-nos às “terapêuticas locais para o cancro”, o que conjuga técnicas de ablação percutânea pelo calor ou pelo frio orientadas por ecografia ou por tomografia computorizada, terapêuticas endovasculares de embolização tumoral combinadas com citotóxicos locais ou com radiação. Cada uma destas técnicas com indicações cada vez mais precisas para o tipo de tumor e respetivo estado de evolução, em alguns casos com uma ação com maior eficácia quando conjugada com terapêuticas sistémicas ou cirúrgicas noutros substituindo-as.

É muito importante a divulgação das técnicas de Radiologia de Intervenção, com as respetivas indicações e limitações, não só entre todas a disciplinas médicas e cirúrgicas, mas também de forma informada entre os doentes, para que as mesmas possam ser utilizadas da forma e no momento mais adequados.

Por outro lado, para que os métodos de Radiologia de Intervenção possam ser utilizados em situações de urgência, quer na hemorragia, quer na isquemia, quer no controlo da infeção, situações frequentemente de mau prognóstico em que os gestos de intervenção podem mudar radicalmente o respetivo curso, é crucial existir um acesso permanente de urgência (24 horas por dia / 365 dias por ano) como acontece no Serviço de Imagem Médica em Coimbra.

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