Sociedade Portuguesa de Pneumologia alerta para o estigma que ainda existe associado à tuberculose

Assinala-se a 24 de março o Dia Mundial da Tuberculose. “Fazer a ponte entre quem trata e quem cuida” foi o mote escolhido pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) para assinalar esta efeméride. “O objetivo é de consciencializar, informar e formar fazendo um trabalho integrado na educação, na saúde e na habitação relativamente à tuberculose. Para isto, é fundamental incentivar o trabalho em parceria com as associações de doentes e ONGs, para, em conjunto, melhorarmos as condições económicas e sociais e reforçarmos a estrutura organizativa”, referem Maria da Conceição Gomes e Joana Carvalho, da Comissão de Trabalho da Tuberculose da SPP, a propósito da escolha deste mote.

Para as especialistas, esta articulação entre profissionais de saúde e associações de doentes “tem sido conseguida ao longo dos anos, mas é necessário assegurar a sua sustentabilidade, sempre com o objetivo da melhoria das condições dos doentes. As estruturas da comunidade complementam o SNS e podem facilitar o seu acesso”. De acordo com as médicas pneumologistas, “o envolvimento e implementação de atividades com a comunidade acresce a facilidade de acesso ao diagnóstico (diminui o seu atraso), melhora o rastreio dos contactos e proporciona a adesão ao tratamento que é prolongado”, todos estes aspetos relevantes no controlo desta doença.

Neste âmbito e com o intuito da criação destas pontes, no Dia Mundial da Tuberculose, a SPP vai promover três ações, em três diferentes locais – na Escola Profissional Gustave Eiffel, na Amadora, no Centro de Acolhimento para Refugiados (CAR 2), em Loures e no Centro de Acolhimento de Emergência Municipal de Santa Bárbara, em Lisboa. O objetivo destas presenças é o de “incentivar o trabalho em rede com as ONGs, associações de doentes e outras instituições, no sentido de lhes transmitir informação sobre a doença e os doentes e de conhecer as suas realidades e necessidades”.

Já no passado dia 24 de fevereiro a Comissão de Trabalho de Tuberculose da SPP organizou um encontro para o qual foram convidadas as instituições que lidam com estes doentes e cujo objetivo foi o de promover uma oportunidade de partilha de informação e experiências na luta contra a tuberculose, aumentando a literacia nesta doença junto dos que cuidam de populações vulneráveis, incentivando o trabalho em rede entre as instituições de saúde responsáveis pelo tratamento da tuberculose e as associações de doentes e outras IPSS.

Em Portugal, os dados mais recentes foram ontem apresentados na sede da Associação Nacional de Farmácias (ANF) e revelam que a demora no diagnóstico da Tuberculose atribuível ao paciente aumentou de 33 dias em 2008 para 44 dias em 2017, enquanto que a demora atribuível aos serviços de saúde manteve-se constante ao longo dos anos, traduzindo em cerca de dez dias.

Entre as razões da elevada demora atribuída ao paciente estão os fatores como ser estrangeiro e ser dependente de álcool. Esta demora foi superior na região de Lisboa e Vale do Tejo comparando com as restantes regiões, menos em 2015 quando o Algarve apresentou a maior demora de paciente.

 Quanto maior a demora no diagnóstico mais aumenta a transmissibilidade do caso que ainda não foi tratado, e quanto mais tempo demora a ser tratado mais probabilidade tem para desenvolver doenças mais severas e tornar-se num caso mais difícil de tratar, o que pode levar até a mortalidade.

Estar infetado com VIH, ser do sexo feminino, estrangeiro, desempregado ou consumidor abusivo de álcool e outras drogas são alguns fatores associados à demora no diagnóstico da Tuberculose em Portugal.

Apesar destes dados, Maria da Conceição Gomes e Joana Carvalho alertam para o facto de ainda existir no nosso país “um estigma da chamada peste branca que mata. O nosso papel é apoiar o individuo e as organizações na sensibilização para o diagnóstico da doença e também para a elevada taxa de cura. Importa investir na literacia dos profissionais de saúde, dos cuidadores e dos doentes.”

“A tuberculose tem cura, os medicamentos são gratuitos. É fundamental o trabalho em rede na resposta integrada para o fim da tuberculose”, reforçam as médicas pneumologistas.

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