Modulação do padrão cerebral pós-AVC pode estar dependente do hemisfério lesionado

Um estudo (Bilateral versus ipsilesional cortico-subcortical activity patterns in stroke show hemispheric dependence) realizado por uma equipa de investigadores portugueses e publicado no passado mês de outubro no International Journal of Stroke, demonstrou que a capacidade de modulação do movimento é diferente entre os doentes que sofreram lesões associadas ao AVC no hemisfério cerebral esquerdo e os que sofreram lesões no hemisfério cerebral direito.

De acordo com Ana Cristina Vidal, neste estudo “foram avaliados dois grupos de doentes – os que apresentavam lesões no hemisfério esquerdo e os que tinham danos no hemisfério direito -, tendo-se verificado que há um padrão diferente de base e que através de movimentos dos membros superiores podem sermodulados”. Por outras palavras, “os resultados sugerem que, em termos de capacidade de modulação do movimento através da fisioterapia, existem padrões diferentes em função do hemisférios afetado pelo AVC”, sublinha a fisioterapeuta do Hospital de Garcia de Orta e investigadora neste estudo.

“Os resultados sugerem que, em termos de capacidade de modulação do movimento através da fisioterapia, existem padrões diferentes em função do hemisférios afetado pelo AVC”, sublinha a fisioterapeuta do Hospital de Garcia de Orta e investigadora neste estudo”

Conclui-se ainda que, através da modulação do movimento, é possível modular o padrão cerebral. Segundo Ana Cristina Vidal, esta descoberta já vem de um estudo anterior, publicado em 2014 (Modulation of Cortical Interhemispheric Interactions by Motor Facilitation or Restraint, 2014), no qual foi demonstrado, em pessoas saudáveis, que “dependendo do membro superior que era movimentado, havia diferentes padrões de modulação cerebral”, descreve a especialista. “No geral, para os dois estudos, o mais importante a reter é que o movimento feito de forma específica, pode modular a função cerebral”. Na perspetiva da fisioterapeuta, esta descoberta levanta uma questão que pode ser motivo de preocupação: a segurança do movimento. Ou seja, “perante estes  novos dados, temos de ter algumas medidas de segurança porque, se um determinado movimento consegue modular a função cerebral no sentido de uma otimização, significa que também pode modular num sentido contrário”, justifica. “Esse é o cuidado que temos de ter no futuro. É preciso preservar a segurança na realização dos movimentos, e observar os resultados de determinados protocolos, abordagens ou procedimentos”, recomenda. Estes dois estudos acabam por reforçar essa necessidade de especificar os protocolos, em função do hemisfério cerebral lesionado, para que a reabilitação seja mais eficaz.

Os dois trabalhos foram desenvolvidos apenas por especialistas portugueses, numa colaboração entre a Faculdade de Motricidade Humana, o Centro de Investigação de Coimbra da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (IBILI) e Hospitais da Universidade de Coimbra (Serviço de Neurologia, unidade de AVC).

 

Por Cátia Jorge

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