No caso de morte súbita por paragem cardíaca existe uma janela de quatro minutos para salvar uma vida, mas neste momento não existem desfibrilhadores externos em espaços públicos e de grande afluência de pessoas no nosso país, diz Miguel Ventura, Cardiologista eletrofisiologista. Também a Sociedade Portuguesa de Cardiologia defendeu, recentemente, que é preciso mudar o panorama da prevenção da morte súbita cardíaca no país.
Noutros países existem já estudos-piloto que avaliam a utilização de drones para transportar desfibrilhadores para locais onde estão vítimas de morte súbita cardíaca. Para melhorar o panorama nacional “é necessário colocar desfibrilhadores automáticos em zonas geográficas estratégicas, não só aeroportos e estádios de futebol, mas também ruas com grande afluência de pessoas e locais onde é mais provável que ocorra um episódio de morte súbita, como os ginásios”. Apesar de ser uma situação rara – a morte súbita por esforço – a maior parte da população faz desporto sem estar apta para tal. “As pessoas ainda pensam que podem ir para um ginásio sem qualquer preocupação”, diz o especialista.
O rastreio clássico da doença coronária – de que é exemplo a prova de esforço – deteta apenas a doença coronária obstrutiva, mas a morte súbita ocorre também devido a doença coronária não obstrutiva. “Estes métodos de rastreio já estão ultrapassados, hoje em dia temos disponíveis testes anatómicos não invasivos, como o score de cálcio coronário e a angiotomografia coronária, que permitem detetar casos de doença coronária não obstrutiva e aconselhar corretamente os doentes quanto à prática desportiva”, explica Miguel Ventura.
O que é e porque acontece a morte súbita?
A morte súbita é um acontecimento inesperado e “não deriva de qualquer trauma ou acontecimento violento”: é possível evitá-la, mantendo hábitos de vida saudáveis que preveniam alguns eventos como os enfartes, arritmias, paragens cardíacas, embolias pulmonares, roturas de aneurismas e acidentes vasculares cerebrais. Os epiléticos apresentam também um risco de morte súbita ligeiramente maior que a população em geral, principalmente os adultos jovens.
Recentemente a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) defendeu que é preciso mudar o panorama da prevenção da morte súbita cardíaca em Portugal, numa audiência na Assembleia da República, convocada pela Comissão Parlamentar de Saúde.
Por Margarida Queirós